São Paulo, terça-feira, 07 de janeiro de 2003

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TRANSPORTE

Motoristas e cobradores de SP decidem fazer paralisação a partir da 0h de hoje em viações que não pagarem salários

Greve pode atingir metade dos ônibus

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Motoristas e cobradores decidiram entrar em greve a partir da 0h de hoje nas empresas de ônibus de São Paulo que não tiverem pago os salários e horas extras. O atraso atingia mais de metade do sistema, mas a categoria, que se reuniu à tarde, deu um prazo às viações até as 24h de ontem.
Na tarde de ontem, 23 das 39 empresas não tinham depositado os salários dos trabalhadores, que deveriam ter recebido até anteontem, dia 5. A ameaça de greve atingia principalmente a zona leste, podendo afetar 2 milhões dos 3,7 milhões de passageiros diários do sistema de ônibus paulistano.
O presidente do sindicato dos motoristas, Edivaldo Santiago, disse que a decisão definitiva sobre a greve nas viações seria tomada durante a madrugada em cada uma das garagens. "Se os salários estiverem na conta, os funcionários trabalham normalmente. Senão, os ônibus não rodarão, por tempo indeterminado, até que os depósitos sejam feitos."
A paralisação, se for concretizada, acontecerá às vésperas do aumento da tarifa de R$ 1,40 para R$ 1,70, a partir do próximo dia 12. O reajuste de 21,42% supera a inflação acumulada desde maio de 2001, data do último aumento. O índice no período é de 13,79%, segundo a Fipe, e de 18,38%, de acordo com medição do Dieese.
O secretário de Formação e Cultura do sindicato, Francisco Xavier da Silva Filho, disse que parte das viações em atraso prometeu pagar hoje, no decorrer do dia, mas que, em mais de dez delas, não havia nem promessas.
Segundo ele, a categoria tentou se reunir com Jilmar Tatto, secretário dos Transportes, mas não foi recebida. "Estou prevendo dificuldades na relação com a prefeitura", disse Edivaldo Santiago.
O Transurb (sindicato das viações de ônibus) informou no final da tarde, por meio de sua assessoria de imprensa, que foi tomado de surpresa pela decisão dos trabalhadores. Segundo a entidade, os representantes das empresas tentariam uma negociação até a madrugada com os trabalhadores para evitar a paralisação.
A assessoria do Transurb não soube dizer, porém, quantas viações teriam condições de fazer os pagamentos até a meia-noite.
O secretário Jilmar Tatto não se manifestou ontem. A Secretaria Municipal dos Transportes costuma adotar medidas emergenciais quando a paralisação não é total -que vão da liberação dos itinerários para os perueiros ao Paese, plano de emergência que desloca a frota técnica das viações que estão em operação para operar nas linhas que estão paradas.


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