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Sintomas dificultam o diagnóstico
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando se manifesta pela primeira vez, a diabetes pode ser
mascarada por outros sintomas
que dificultam o diagnóstico, afirmam pediatras especializados em
endocrinologia.
Na avaliação do médico Paulo
Ferrez Solberg, do departamento
de endocrinologia da Sociedade
Brasileira de Pediatria, quando
vistos retrospectivamente, casos
como o do garoto Victor podem
parecer de fácil diagnóstico, mas,
na realidade, não são.
"No verão, as crianças bebem
muita água, fazem muito xixi.
Ninguém presta atenção nesses
sintomas isolados, nem os pais
nem os médicos", diz ele. As viroses, avalia o médico, também podem enganar.
Solberg diz que 25% dos casos
de diabetes são diagnosticados
quando a pessoa apresenta a cetoacidose diabética, que ocorre
quando a taxa de açúcar se mantém alta no sangue durante algum tempo. Ela pode ser evitada
com o uso de insulina.
Além do emagrecimento, micção excessiva e muita sede, é comum a ocorrência de vômitos e
dor abdominal. Quando há edema cerebral, o que aconteceu com
Victor, a cetoacidose pode matar
em 30% dos casos.
Segundo Paulo Solberg, a literatura médica traz casos de pessoas
que foram operadas de apendicite quando, na realidade, estavam
com cetoacidose diabética.
Ele afirma que não é rotina na
pediatria pedir o exame glicêmico, a não ser que haja evidências
da diabetes. Mas os sintomas relatados pela mãe aos médicos não
são evidências da doença? "Olhar
depois que aconteceu (a morte) é
muito mais fácil", repete Solberg.
Para o médico, as medicações
prescritas ao garoto não agravaram a doença. "A cetoacidose
acontece por falta de insulina."
A Folha ouviu outros três pediatras que deram informações
sobre a doença, mas não quiseram ter os nomes publicados temendo que suas declarações fossem vinculadas ao caso de Victor.
Segundo eles, quando um paciente entra em cetoacidose, ele já
vem mobilizando suas defesas há
bastante tempo, buscando se
adaptar a uma situação metabólica desfavorável.
As células, sem conseguir usar o
açúcar, começam a utilizar outras
fontes de energia. As células de
gordura são decompostas, produzindo cetonas, compostos químicos tóxicos que podem tornar
o sangue ácido (cetoacidose).
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