São Paulo, segunda-feira, 07 de janeiro de 2008

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Kassab inaugurará 80 obras até março para tentar se viabilizar

Prefeito de SP disputa candidatura do PSDB-DEM com Alckmin; aliados acreditam que projetos vão impulsioná-lo nas pesquisas

Para vereador da oposição, Kassab apenas dá continuidade aos projetos da ex-prefeita Marta Suplicy (PT)

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O show de fogos do Réveillon na avenida Paulista soou como um sinal de largada para a maratona que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) se impôs para o início de 2008. No caso, uma maratona de inaugurações. O objetivo não-declarado é viabilizar o mais rápido possível a sua candidatura à reeleição.
No total, serão pelo menos 80 obras de janeiro até final de março -quase uma por dia-, incluindo 58 AMAs (assistências médicas ambulatoriais), sete CEUs (centros educacionais unificados), canalizações de córregos, recuperação de viadutos, urbanizações de favelas e casas populares.
A maratona já começou. Desde quinta-feira, Kassab já entregou cinco obras, sendo duas só ontem, em pleno domingo.
Para o segundo trimestre ainda ficam grandes obras -um corredor de ônibus, o hospital de M'Boi Mirim, mais uma etapa do antigo "Fura-Fila" (atual Expresso Tiradentes) e a ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira. Sem contar o recapeamento de vias e a troca de cerca de 150 mil lâmpadas.
Tudo isso só no primeiro semestre, prazo permitido pela Lei Eleitoral. Depois disso, os candidatos ficam proibidos de participar de entregas. As obras previstas para o período de campanha, entre as quais as de 13 CEUs, o prefeito planeja exibir no horário eleitoral.
O Orçamento para 2008 prevê um valor recorde de R$ 3,7 milhões em investimentos. Mas Kassab gastará ainda mais. Ele fechou 2007 com mais de R$ 1 bilhão em caixa (o valor exato só será conhecido após a divulgação do balanço de 2007, no fim de janeiro), que poderá gastar como bem entender.

Alckmin
O prefeito tem pressa porque o "inimigo" mora ao lado. Ele disputa com Geraldo Alckmin (PSDB) o direito de concorrer à prefeitura pela aliança PSDB-DEM, que elegeu Kassab como vice de José Serra em 2004. Serra saiu para ser candidato a governador em março de 2006.
Na última pesquisa Datafolha, no fim de novembro, Alckmin está em primeiro lugar, em empate técnico com a provável candidata do PT, a ministra Marta Suplicy. O tucano tem de 26% a 30% das intenções, dependendo do cenário. Kassab, de 13% a 22%. A margem de erro é de três pontos percentuais.
A estratégia de Kassab é rodar toda a cidade deixando a sua marca com pequenas obras. Seu partido avalia que, se ele conseguir chegar a 30% nas pesquisas até março, o que não é nada fácil, Alckmin não terá como manter sua candidatura.
Kassab diz que as inaugurações fazem parte do planejamento de seu governo. "A minha missão agora é governar a cidade. Não está na pauta a questão eleitoral."
Somando-se às 52 AMAs inauguradas entre 2005 e 2007, Kassab chegará a abril com 110 unidades.
Até o fim deste ano, promete inaugurar 20 CEUs, que, somados aos cinco entregues em 2007, chegarão a 25, mais que os 21 entregues por Marta.
Petistas dizem que Kassab apenas continua a gestão de Marta, que deixou licitadas as obras dos CEUs, dos hospitais Cidade Tiradentes e M'Boi Mirim e do Expresso Tiradentes. "É inegável que o governo está melhor avaliado graças à sua estratégia de continuidade dos projetos do governo anterior", escreveu o vereador João Antonio (PT) em seu blog.
Para Chico Santa Rita, especialista em marketing político, inaugurar obras é importante para conseguir a reeleição, mas não basta. "A primeira condição para um prefeito ser reeleito é que a sua administração seja bem avaliada. Mas a boa avaliação pode ficar amortecida por outros fatores."


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