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Kassab inaugurará 80 obras até março para tentar se viabilizar
Prefeito de SP disputa candidatura do PSDB-DEM com Alckmin; aliados acreditam que projetos vão impulsioná-lo nas pesquisas
Para vereador da oposição, Kassab apenas dá continuidade aos
projetos da ex-prefeita Marta Suplicy (PT)
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O show de fogos do Réveillon
na avenida Paulista soou como
um sinal de largada para a maratona que o prefeito Gilberto
Kassab (DEM) se impôs para o
início de 2008. No caso, uma
maratona de inaugurações. O
objetivo não-declarado é viabilizar o mais rápido possível a
sua candidatura à reeleição.
No total, serão pelo menos
80 obras de janeiro até final de
março -quase uma por dia-,
incluindo 58 AMAs (assistências médicas ambulatoriais),
sete CEUs (centros educacionais unificados), canalizações
de córregos, recuperação de
viadutos, urbanizações de favelas e casas populares.
A maratona já começou. Desde quinta-feira, Kassab já entregou cinco obras, sendo duas
só ontem, em pleno domingo.
Para o segundo trimestre
ainda ficam grandes obras
-um corredor de ônibus, o
hospital de M'Boi Mirim, mais
uma etapa do antigo "Fura-Fila" (atual Expresso Tiradentes)
e a ponte estaiada Octavio Frias
de Oliveira. Sem contar o recapeamento de vias e a troca de
cerca de 150 mil lâmpadas.
Tudo isso só no primeiro semestre, prazo permitido pela
Lei Eleitoral. Depois disso, os
candidatos ficam proibidos de
participar de entregas. As obras
previstas para o período de
campanha, entre as quais as de
13 CEUs, o prefeito planeja exibir no horário eleitoral.
O Orçamento para 2008 prevê um valor recorde de R$ 3,7
milhões em investimentos.
Mas Kassab gastará ainda mais.
Ele fechou 2007 com mais de
R$ 1 bilhão em caixa (o valor
exato só será conhecido após a
divulgação do balanço de 2007,
no fim de janeiro), que poderá
gastar como bem entender.
Alckmin
O prefeito tem pressa porque
o "inimigo" mora ao lado. Ele
disputa com Geraldo Alckmin
(PSDB) o direito de concorrer à
prefeitura pela aliança PSDB-DEM, que elegeu Kassab como
vice de José Serra em 2004.
Serra saiu para ser candidato a
governador em março de 2006.
Na última pesquisa Datafolha, no fim de novembro, Alckmin está em primeiro lugar, em
empate técnico com a provável
candidata do PT, a ministra
Marta Suplicy. O tucano tem de
26% a 30% das intenções, dependendo do cenário. Kassab,
de 13% a 22%. A margem de erro é de três pontos percentuais.
A estratégia de Kassab é rodar toda a cidade deixando a
sua marca com pequenas obras.
Seu partido avalia que, se ele
conseguir chegar a 30% nas
pesquisas até março, o que não
é nada fácil, Alckmin não terá
como manter sua candidatura.
Kassab diz que as inaugurações fazem parte do planejamento de seu governo. "A minha missão agora é governar a
cidade. Não está na pauta a
questão eleitoral."
Somando-se às 52 AMAs
inauguradas entre 2005 e
2007, Kassab chegará a abril
com 110 unidades.
Até o fim deste ano, promete
inaugurar 20 CEUs, que, somados aos cinco entregues em
2007, chegarão a 25, mais que
os 21 entregues por Marta.
Petistas dizem que Kassab
apenas continua a gestão de
Marta, que deixou licitadas as
obras dos CEUs, dos hospitais
Cidade Tiradentes e M'Boi Mirim e do Expresso Tiradentes.
"É inegável que o governo está
melhor avaliado graças à sua
estratégia de continuidade dos
projetos do governo anterior",
escreveu o vereador João Antonio (PT) em seu blog.
Para Chico Santa Rita, especialista em marketing político,
inaugurar obras é importante
para conseguir a reeleição, mas
não basta. "A primeira condição para um prefeito ser reeleito é que a sua administração seja bem avaliada. Mas a boa avaliação pode ficar amortecida
por outros fatores."
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