São Paulo, quarta-feira, 07 de fevereiro de 2001

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DOENÇA

Ministério envia R$ 1 mi por dia a governos para combater mosquito

Dengue cai no país, mas em 5 Estados há avanço

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

Apesar de ainda ser preocupante, os casos de dengue no Brasil vem caindo. Em relação a 1998, o número de casos notificados no país no ano passado caiu 64% -de 570.148 para 210.522. Em 1999, o registro da doença já havia diminuído consideravelmente, com 211.267 casos.
Enquanto em janeiro deste ano pelo menos 10 mil pessoas contraíram a doença, no mesmo mês do ano passado o número de infectados chegou a 24 mil.
Mas em pelo menos cinco Estados -Acre, Amazonas, Rio de Janeiro, Roraima e Tocantins- há aumento no número de casos de dengue nos primeiros 30 dias deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado.
No Acre, foram registrados 1.241 casos, contra apenas 3 em janeiro do ano passado. No Rio, o número passou de 205 para 794; no Amazonas, subiu de 844 para 2.252; em Roraima, foi de 110 para 408; no Tocantins, de 46 para 112.
No Amazonas, a dengue hemorrágica causou a morte de uma menina de 10 anos. Autoridades sanitárias ainda investigam a possibilidade de três casos desse tipo mais grave da doença no Acre.
Há surto de dengue em São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Tocantins, de acordo com a Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
Para enfrentar a doença, o governo federal repassa todos os dias a prefeituras e Estados cerca de R$ 1 milhão. Desde maio passado, com a descentralização das ações de saúde, Estados e municípios passaram a cuidar da prevenção e do combate às doenças.
Desde o início do ano, 50 homens do Exército, ao lado de agentes da Secretaria da Saúde acreana, trabalham em campanhas contra a doença.
Soldados também começaram a ajudar no combate à doença, em Boa Vista, capital de Roraima.
Para o presidente da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, Wilson Alecrim, apesar do registro atual de 98 casos por dia, em média, existe uma tendência de estabilidade dos casos de dengue em Manaus, se comparado a janeiro de 1999, quando foram registrados 3.109 casos.
Pela primeira vez na Amazônia, o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e a Funasa estudam usar uma bactéria para eliminar os focos do mosquito.
No Tocantins, de acordo com a Secretaria da Saúde, o número de infectados em janeiro deste ano poderá aumentar, pois ainda há dados a serem contabilizados.
A falta de uma ação preventiva adequada seria a principal causa da proliferação do Aedes aegypti. Cerca de 90% dos mosquitos têm origem nas casas, por meio de depósitos de água e lixo doméstico.
A intensificação da transmissão e a ocorrência de surtos sem a adoção de medidas de controle são causadas, segundo a Funasa, pela omissão de algumas governos estaduais que notificam tardiamente a chegada do mosquito.
Na opinião do ministro da Saúde, José Serra, as administrações municipais também são responsáveis por eventuais focos. "Agora, no verão, em um país tropical, com chuvas, o mosquito tende a voltar. Onde os prefeitos não atuaram bem com os recursos que tinham, a dengue volta."
Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minais Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rondônia e Roraima estão em débito com a Funasa em relação à entrega de relatórios atualizados.
Até agora, apenas Acre, Distrito Federal, Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo repassaram à Funasa os dados de janeiro de 2001. A Agência Folha obteve os números do Amazonas, de Roraima e do Tocantins nas Secretarias da Saúde dos Estados.


Colaboraram ANDRÉA DE LIMA, EDUARDO DE OLIVEIRA, FERNANDA KRAKOVICS e KÁTIA BRASIL



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