São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2005

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CARNAVAL

Escola traz reprodução da Capela Sistina e carro com modelos brasileiras, mas não empolga o público com enredo sobre a Itália

Barroca e fashion, Mocidade abandona paradinha no primeiro desfile do Rio

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Um dos carros alegóricos da Mocidade, escola que obteve R$ 1,5 milhão de patrocínio para o desfile no sambódromo deste ano


DA SUCURSAL DO RIO

Numa época em que as baterias inovam com coreografias e mudanças de ritmo, a escola que inventou a paradinha preferiu a segurança: a Mocidade Independente abriu ontem o primeiro dia de desfiles no Rio, na Marquês de Sapucaí, sem se valer da tradicional paradinha da bateria, feita por 43 anos consecutivos e criada pelo lendário mestre André.
A escola ensaiou 17 tipos de paradinha -interrupção das batidas dos ritmistas-, mas preferiu não usar o artifício. Segundo o presidente da Mocidade, Paulo Viana, a decisão foi tomada porque a escola "sempre foi prejudicada por fazer a paradinha", perdendo pontos.
"Essa história de que toda escola tem que fazer paradinha é um mito. Se isso funcionasse, a Mocidade teria sido campeã sempre", disse mestre Bira, acrescentando que não usou o recurso por ordem da diretoria.
O enredo da Mocidade era uma homenagem à cozinha e à cultura italianas: "Buon mangiare, Mocidade! A arte está na mesa".
Ao retratar a moda daquele país, com peças exibidas em vitrines, o penúltimo carro da Mocidade reuniu modelos como Mariana Weickert, Ellen Jabour, Caroline Bittencourt, Ana Beatriz Castro e Aline Nakashima.
O estilista Tufi Duek, dono da Forum, desenhou as 12 fantasias usadas pelas modelos, em estilo que lembrava mais a SP Fashion Week do que um desfile de Carnaval. No carro estavam 25 roupas do acervo pessoal de Duek.
"É o primeiro Carnaval da minha vida. Resolvi largar tudo para fazer minha estréia. Foi maravilhoso", disse Mariana Weickert, que pulou mais do que sambou com um macacão preto de renda.
Visualmente, a Mocidade mudou bastante, abandonando o futurismo: trouxe alegorias ricas em detalhes e com muito dourado, com um desfile bem barroco.
A Mocidade começou a desfilar com 15 minutos de atraso, sob chuva, que teve curta duração e não atrapalhou a apresentação.
Pela primeira vez, uma das chamadas grandes escolas abriu o desfile. A Mocidade, no entanto, foi recebida com frieza pelo público. O desfile foi correto tecnicamente, mas dificilmente fará a agremiação interromper o jejum de nove anos sem título.
O verde continuou predominando no segundo desfile da noite. O Império Serrano, assim como a Mocidade, enfrentou a chuva no início de sua apresentação e não empolgou com seu enredo politicamente correto "Um grito que ecoa no ar (Homem/natureza -o perfeito equilíbrio).
O primeiro carro, todo feito de material reciclado, já dava o tom do desfile. A escola mostrou alegorias e fantasias com pouco luxo, seguindo sua tradição.
Pelo sexto ano consecutivo, todos os ingressos foram vendidos, reunindo cerca de 60 mil pessoas no sambódromo. Ontem ainda desfilariam o Salgueiro, a Mangueira, a Unidos da Tijuca, a Tradição e a Vila Isabel.
(LUIZ FERNANDO VIANNA, PEDRO SOARES, LIGIA DINIZ, AMARÍLIS LAGE, PEDRO DIAS LEITE E TALITA FIGUEIREDO)

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