São Paulo, terça-feira, 07 de fevereiro de 2006

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ADMINISTRAÇÃO

Orlando Almeida (Habitação) afirma que o dinheiro repassado aos sem-teto não é política pública da gestão

Verba é para ajudar as pessoas, diz secretário

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Habitação, Orlando Almeida, afirmou que a intenção ao dar até R$ 5.000 às famílias de sem-teto que querem deixar São Paulo é ajudar as pessoas. Mas isso, afirmou, não é uma política pública da gestão.
"Cada caso é um caso. Nós retiramos mais de cem famílias, cerca de 300 pessoas, da rua Monsenhor de Andrade e não foi dado dinheiro para ninguém. Se elas quiserem ir para albergue terão atendimento", afirmou ele na segunda da semana passada.
Ontem, o secretário foi procurado diversas vezes pela reportagem, mas não atendeu a Folha. A pedido de sua assessoria, as perguntas foram enviadas para Almeida ainda pela manhã, mas até a conclusão desta edição elas não haviam sido respondidas.
A reportagem tentou ouvir o prefeito José Serra (PSDB). A assessoria afirmou que o secretário da Habitação era o responsável pelo caso. A assessoria da Habitação alegou que os dados solicitados foram obtidos à tarde, mas só o secretário poderia passá-los.

Críticas
Movimentos de moradia em São Paulo condenam a prática da prefeitura de dar dinheiro e passagem para os sem-teto.
Alegam que a verba é desperdiçada, que poderia ser investida em habitação e que a medida pode servir, inclusive, para desmobilizar ações reivindicatórias.
Esse tipo de avaliação é semelhante tanto de grupos ligados ao PT como ao PSDB. A principal divergência entre eles é sobre a existência dessa espécie de auxílio em gestões anteriores -embora algumas admitam a prática.
"É mais velho do que andar para frente. Todo governo tem. É jogar dinheiro fora", afirma Cleusa Ramos, presidente da Associação de Trabalhadores Sem-Terra de São Paulo, que é filiada ao PSDB e que inclui a administração Marta Suplicy (PT) entre as que "fizeram tudo igual, a mesma coisa".
Ramos alega que as pessoas costumam ser pressionadas. "Muitas vezes, recebem esse dinheiro e a passagem ou nada. Alguns pegam, passeiam e depois voltam."
Já os movimentos de moradia tradicionalmente ligados a partidos como PT dizem desconhecer essa medida ao menos na gestão Marta. Eles devem organizar um protesto no próximo dia 15 contra esse tipo de ação e para fazer outras reivindicações aos governos municipal, estadual e federal.
"Tivemos conhecimento disso há um mês. Esse dinheiro tinha que ser investido em moradia popular. É contra qualquer princípio básico de habitação", afirma Maria das Graças Xavier, da Central dos Movimentos Populares.


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