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ADMINISTRAÇÃO
Orlando Almeida (Habitação) afirma que o dinheiro repassado aos sem-teto não é política pública da gestão
Verba é para ajudar as pessoas, diz secretário
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Habitação, Orlando Almeida, afirmou que a intenção ao dar até R$ 5.000 às famílias de sem-teto que querem deixar São Paulo é ajudar as pessoas.
Mas isso, afirmou, não é uma política pública da gestão.
"Cada caso é um caso. Nós retiramos mais de cem famílias, cerca
de 300 pessoas, da rua Monsenhor de Andrade e não foi dado
dinheiro para ninguém. Se elas
quiserem ir para albergue terão
atendimento", afirmou ele na segunda da semana passada.
Ontem, o secretário foi procurado diversas vezes pela reportagem, mas não atendeu a Folha. A
pedido de sua assessoria, as perguntas foram enviadas para Almeida ainda pela manhã, mas até
a conclusão desta edição elas não
haviam sido respondidas.
A reportagem tentou ouvir o
prefeito José Serra (PSDB). A assessoria afirmou que o secretário
da Habitação era o responsável
pelo caso. A assessoria da Habitação alegou que os dados solicitados foram obtidos à tarde, mas só
o secretário poderia passá-los.
Críticas
Movimentos de moradia em
São Paulo condenam a prática da
prefeitura de dar dinheiro e passagem para os sem-teto.
Alegam que a verba é desperdiçada, que poderia ser investida
em habitação e que a medida pode servir, inclusive, para desmobilizar ações reivindicatórias.
Esse tipo de avaliação é semelhante tanto de grupos ligados ao
PT como ao PSDB. A principal divergência entre eles é sobre a existência dessa espécie de auxílio em
gestões anteriores -embora algumas admitam a prática.
"É mais velho do que andar para
frente. Todo governo tem. É jogar
dinheiro fora", afirma Cleusa Ramos, presidente da Associação de
Trabalhadores Sem-Terra de São
Paulo, que é filiada ao PSDB e que
inclui a administração Marta Suplicy (PT) entre as que "fizeram
tudo igual, a mesma coisa".
Ramos alega que as pessoas costumam ser pressionadas. "Muitas
vezes, recebem esse dinheiro e a
passagem ou nada. Alguns pegam, passeiam e depois voltam."
Já os movimentos de moradia
tradicionalmente ligados a partidos como PT dizem desconhecer
essa medida ao menos na gestão
Marta. Eles devem organizar um
protesto no próximo dia 15 contra
esse tipo de ação e para fazer outras reivindicações aos governos
municipal, estadual e federal.
"Tivemos conhecimento disso
há um mês. Esse dinheiro tinha
que ser investido em moradia popular. É contra qualquer princípio básico de habitação", afirma
Maria das Graças Xavier, da Central dos Movimentos Populares.
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