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Para ministro, método de ensino deve ser revisado
DA SUCURSAL DO RIO
Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, a
ampliação do ensino fundamental para nove anos exigirá do MEC uma revisão dos
Parâmetros Curriculares
Nacionais, instrumento por
meio do qual o MEC indica
aos profissionais de educação quais são as habilidades
e competências esperadas
para cada série. Haddad diz
também que será preciso rever os métodos de alfabetização de crianças usados no
Brasil. Veja trechos de sua
entrevista à Folha.
Folha - Como evitar que
crianças de seis anos sejam
expostas a um ciclo precoce
de fracasso escolar?
Fernando Haddad - Esse é
um debate extenso. Já pedi à
Secretaria de Educação Básica uma imediata discussão
sobre os PCNs [Parâmetros
Curriculares Nacionais].
Eles precisam ser revistos.
Os parâmetros são aprovados pelo Conselho Nacional
de Educação e estabelecem
as habilidades e competências que são esperam de um
aluno em cada série. Há uma
discussão que precisa ser feita sobre os métodos de alfabetização de crianças no
Brasil. Há defensores do método fônico [usado na maioria dos países desenvolvidos] e do método total [muito usado no Brasil].
Folha - Quais as conseqüências imediatas da ampliação?
Haddad - Todas as análises
feitas sobre alfabetização
mostram que, a partir dos
cinco anos, a criança já tem
condições de iniciar a alfabetização. Aos seis, é fundamental que ela já tenha iniciado o processo. A primeira
conseqüência da lei é que a
educação a partir dos seis
anos passa a ser obrigatória.
Folha - Muitos Estados e
prefeituras matriculam crianças de seis anos apenas para
ter mais recursos do Fundef.
Como prevenir isso?
Haddad - A ampliação do
ensino fundamental e a
aprovação do Fundeb [fundo que substituirá o Fundef
e ampliará o financiamento
para todos os níveis de ensino] neutraliza esse movimento, que ocorre em alguns municípios. Isso porque as prefeituras e Estados
serão remunerados pelos
alunos que entram na primeira série do ensino fundamental e porque o Fundeb
amplia o financiamento
também para a creche e pré-escola. A partir do momento
em que se reestrutura o financiamento de todo o sistema, e não apenas de uma
etapa, haverá estímulo para
que os prefeitos matriculem
também crianças de 0 a 5 na
creche e pré-escola.
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