São Paulo, quarta-feira, 07 de fevereiro de 2007

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Interdição em Congonhas irá afetar 40% dos vôos

Segundo o governo, 10 mil passageiros serão prejudicados; Anac e Infraero já recorreram

Juiz federal vetou o pouso de Boeings 737-700 e 737-800 e de Fokkers-100 no local; medida deverá entrar em vigor a partir de amanhã

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos 10 mil passageiros e aproximadamente 40% dos vôos do aeroporto de Congonhas (zona sul de SP) serão afetados diariamente com a decisão da Justiça Federal que impede, a partir da 0h de amanhã, o pouso e decolagem de Boeings 737-700 e 737-800 e de Fokkers-100 no local.
A Agência Nacional de Aviação Civil e a Infraero, estatal que administra os aeroportos, recorreram ontem da interdição parcial da pista principal de pouso de Congonhas (zona sul de SP). Apontaram equívocos técnicos na decisão.
A Anac já admite utilizar ônibus para substituir vôos domésticos. "A palavra caótica é complicada, mas concordo com ela em parte", disse o brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero, ao falar da possível interdição.
Ontem, Pereira participou de reunião com o ministro da Defesa, Waldir Pires, e com a diretora da Anac, Denise Abreu. De largada, concluíram que 16,7% dos usuários diários de Congonhas ficariam sem avião.
Na avaliação do governo, quatro a cada dez vôos que chegam ou saem de Congonhas são das aeronaves vetadas. São 629 pousos e decolagens diários.
O governo deverá apresentar recursos ao juiz do caso e ao Tribunal Regional Federal de São Paulo. Segundo Pereira, o juiz, que escolheu os aviões com base em sua capacidade de frenagem em dias de chuva, não levou em conta o uso de turbinas durante o pouso. Além disso, afirma, a interdição parcial vale para horários com e sem chuva, quando os problemas só ocorrem quando chove.
O governo diz estimar que o aeroporto de Guarulhos absorveria apenas 20% da demanda de Congonhas e o de Viracopos, em Campinas, outros 2%.
O superintendente da regional Sudeste da Infraero, Edgar Brandão Júnior, disse que os dois aeroportos devem conseguir atender a demanda de passageiros gerada pela proibição de pousos em horários hoje ociosos. O problema é as empresas aéreas aceitarem alterações de pousos e decolagens.
"Estamos preparados. Agora depende das companhias e da Anac", afirmou Brandão.
Nos ofícios à Justiça, a Anac propõe a transferência do pouso das aeronaves para Guarulhos em caso de chuva e a redução na ocupação dos aviões (o que reduz o peso das aeronaves durante a frenagem) como saídas para evitar a interdição.
Segundo Brandão, a Infraero estuda fazer uma contratação emergencial (sem licitação), para acelerar a reforma da pista principal de Congonhas.
Caso o contrato emergencial não se concretize, não há previsão para o início das obras. O edital para a licitação só deve ser concluído hoje. Depois disso, a Infraero tem até 45 dias para publicá-lo, mas não há data para começar a reforma.
As obras da pista auxiliar aguardam liberação da Anac e têm previsão de começar em 27 de fevereiro, apesar de terem sido licitadas em 2003. Para Adalberto Febeliano, da Associação Brasileira de Aviação Geral, se mantida a proibição, a pista auxiliar, menor do que a principal, poderá ser alternativa para o pouso dos Fokkers-100 e dos Boeings 737-700, aviões mais leves.


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