São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

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Beija-Flor vence Salgueiro por 13 décimos

Para torcedores da escola, bicampeonato teve sabor especial após as suspeitas, nunca provadas, sobre a vitória em 2007

Beija-Flor participa, no sábado, do Desfile das Campeãs, com Salgueiro, Grande Rio, Portela, Unidos da Tijuca e Imperatriz

Sérgio Moraes/Reuters
Integrantes da Beija-Flor comemoram o bicampeonato do Carnaval carioca

LUIZ FERNANDO VIANNA
PEDRO SOARES

DA SUCURSAL DO RIO

A Beija-Flor não só conquistou o bicampeonato do Carnaval carioca, confirmando seu favoritismo, como voltou a ganhar por ampla diferença: 13 décimos à frente da 2ª colocada -em 2007, foram 14 décimos. É o 11º título da escola de Nilópolis e o quinto nos últimos seis anos. Hegemonia maior só teve a Portela nos anos 40, quando conquistou sete vitórias consecutivas.
Também voltarão ao sambódromo no próximo sábado, no Desfile das Campeãs, Salgueiro (segundo lugar), Grande Rio, Portela, Unidos da Tijuca e Imperatriz Leopoldinense. A São Clemente foi rebaixada, e a Império Serrano conquistou o título do Grupo de Acesso A e voltará, em 2009, ao Especial. Os carnavalescos da Império são os mesmos da Salgueiro: Renato Lage e Márcia Lavia.
A vitória com o enredo "Macapaba: equinócio solar, viagens fantásticas ao meio do mundo" foi muito comemorada na praça da Apoteose por um motivo extra: o resultado de 2007 foi posto sob suspeita após um delegado da Polícia Federal, baseado em gravações, afirmar haver indícios de manipulação. Uma CPI foi instalada na Câmara Municipal, mas nada foi provado. "É lógico que tem um sabor especial. Ficaram dizendo bobagens, que o Carnaval tinha sido roubado... E agora, o que vão falar?", disse Luiz Fernando do Carmo, o Laíla, coordenador da comissão de Carnaval da Beija-Flor e que participou de dez das 11 vitórias da escola.
O bicheiro Aniz Abrahão David, o Anísio, presidente de honra e mecenas da Beija-Flor, foi preso em 13 de abril de 2007 na Operação Furacão, sob a acusação de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Durante as investigações, a PF acreditou ter encontrado sinais de manipulação do Carnaval. Entre idas e vindas em 2007, Anísio conseguiu uma liminar no Supremo Tribunal Federal em dezembro e deixou a prisão.
O governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), e o prefeito de Macapá, João Henrique Pimentel (PT), acompanharam a apuração ao lado de Anísio e de seu irmão, Farid David, prefeito de Nilópolis. "Estou aqui para participar dessa grande escola, da história que ela tem no Carnaval."
Laíla ressaltou o papel da "comunidade forte, ferrenha". Dos mais de 4.000 integrantes, 70% moram em Nilópolis e ganham fantasias, sem pagar para desfilar. Não por acaso, a escola não perdeu pontos em evolução e harmonia, os quesitos que mais dependem de empolgação. Os sete décimos tirados foram em enredo, fantasia e comissão de frente. À noite, cerca de 20 mil pessoas lotaram a quadra, em Nilópolis, para festejar o título.


Colaboraram ITALO NOGUEIRA e MALU TOLEDO


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