CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A licitação para escolher os consórcios de perueiros para atuar em linhas locais, com trajetos curtos, restritos aos bairros, atraiu somente dois "estranhos no ninho" -um de Goiânia e outro de Guarulhos. Para as oito áreas nas quais será dividida a cidade, nove consórcios de cooperativas apresentaram propostas.
Os outros sete grupos são formados por perueiros que já operam na cidade. Eles prometem resistir à atuação dos "estrangeiros" que eventualmente ganhem alguma área para trabalhar.
A concorrência irá permitir a atuação de 4.984 autônomos, organizados em cooperativas e consórcios. Atualmente, há cerca de 6.000 perueiros autorizados na cidade. Caberá às cooperativas apontar quem poderá trabalhar. O edital não exige, por exemplo, atestado de antecedente criminal para o motorista das vans e miniônibus.
O secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, disse que não irá permitir "nenhum clandestino" depois da concorrência. Não disse, porém, como fará isso. Afirmou apenas que irá aumentar a fiscalização "se necessário". Para Tatto, os próprios perueiros ajudarão a identificar quem não é da área.
"O pessoal de fora não é bem-vindo aqui", disse Haroldo Mariano, um dos líderes dos motoristas, que participa da concorrência pela Cooperpeople.
Mariano confirmou que os perueiros procuraram se organizar para dividir as áreas entre eles. "Conversamos para que não houvesse concorrência dentro do próprio sistema."
Mesmo assim, ele observa que "nada garante" que aqueles que já atuam no sistema permanecerão. "Toda concorrência é um risco." A Cooprove, de Goiânia, por exemplo, apresentou proposta para cinco áreas. A Guarucooper, de Guarulhos, para três.
Ontem, os participantes limitaram-se a entregar e rubricar os documentos. A análise desse material e das propostas financeiras será feita em outra etapa.
No início da tarde houve uma confusão porque um representante da Cooperalfa queria colocar parte da documentação que faltava dentro de um envelope que já fora protocolado e estava fechado. A comissão de licitação não permitiu e houve um empurra-empurra. A polícia foi chamada para garantir a segurança.
Os critérios que definirão os ganhadores são a menor remuneração e o maior tempo de atuação como motorista autônomo.
A tarifa no sistema de vans e miniônibus será menor do que a dos ônibus. Se fosse hoje, segundo Tatto, o passageiro pagaria R$ 1,40 para ir a um terminal onde tomaria outro ônibus.


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