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Mulher morre durante operação da polícia no Rio
Michele, 27, lavava roupas quando foi atingida, na Cidade de Deus, no Rio
Dois carros foram queimados durante o protesto; polícia afirmou que abrirá uma sindicância para apurar de onde partiram os tiros
MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO
A morte de uma mulher enquanto lavava roupas no tanque de casa provocou protestos
de moradores, que chegaram a
queimar dois carros na Cidade
de Deus, em Jacarepaguá, zona
oeste do Rio. A camareira Michele da Silva Lima, 27, foi morta com um tiro de fuzil na cabeça, anteontem à noite, em Caratê, na Cidade de Deus.
Os moradores acusam a PM
como responsável pela morte
da camareira. Já a polícia afirma que carros do 18º BPM (Jacarepaguá) patrulhavam o local
quando um grupo de homens
armados começou a atirar em
direção aos PMs, que tiveram
ajuda de policiais de Rocha Miranda, chamados em reforço.
A morte de Michele revoltou
os moradores que, na madrugada de ontem, incendiaram dois
carros, caçambas de lixo e
pneus e interditaram a rua Edgar Werneck, uma das principais de Jacarepaguá.
Na manifestação, uma bomba foi arremessada contra um
blindado da PM, que teve um
dos pneus estourado.
Pela manhã, por volta das 9h,
indignados com a perícia que
ainda não havia chegado ao local, os moradores voltaram a
protestar. Segundo parentes e
amigos, Michele havia chegado
do trabalho, por volta das 22h, e
lavava no tanque o uniforme da
filha quando PMs do 9º BPM e
do 18º BPM entraram na favela
à procura de traficantes.
Armado com um fuzil, um
dos PMs, descrito pelos vizinhos como branco e alto, teria,
segundo os relatos, colocado a
arma sobre o muro da casa de
Michele e disparado vários tiros, atingindo a jovem.
A filha mais velha da camareira, de 11 anos, estava ao lado
de Michele e saiu pedindo socorro. Michele morreu na hora.
"Não há marcas de tiros no
muro e havia cápsulas dentro e
fora do quintal da casa dela, o
que indica que eles atiraram
por cima do muro. Isso é um
procedimento policial? Que
polícia é essa?", disse o sogro da
vítima, Luiz Carlos Ramalho.
Pouco antes das 3h, quase
cinco horas depois do incidente, o corpo da vítima continuava no chão. Segundo a Polícia
Civil, o corpo de Michele foi retirado pelos familiares às 3h45.
Os policiais informaram que a
demora foi devido ao intenso
tiroteio no local. "Minha irmã
morreu e ainda ficou horas jogada no chão, como lixo", lamentou Gisele da Silva Lima. O
comando do 18º BPM disse que
vai instaurar sindicância para
apurar a origem dos tiros.
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