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Bando rouba depósito de armas de policial
Foram levados 22 fuzis e 89 pistolas de centro de treinamento tático, utilizado para treino das polícias e do Exército
Centro que pertence ao investigador Fábio Fanganiello fica dentro de uma fábrica de armas e munições na Grande SP
ANDRÉ CARAMANTE
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Um arsenal composto por 22
fuzis e 89 pistolas foi roubado
na noite de anteontem do depósito de armas de um centro
de formação voltado para a segurança privada e pública, em
Ribeirão Pires (Grande SP).
O CTT (Centro de Treinamento Tático) pertence a um
investigador da Polícia Civil de
São Paulo, Fábio Fanganiello, e
ao pai dele, Berardino Antonio
Fanganiello, e é usado pelas polícias Civil e Militar e também
pelo Exército para treino.
Localizado em uma área dentro da fábrica de armas e munições CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), o centro foi
invadido por cerca de dez ladrões. Desde o momento em
que o roubo foi descoberto, cerca de 240 policiais civis e militares foram mobilizados para
perseguir os criminosos, mas
até a conclusão desta edição
ninguém havia sido preso.
A Secretaria da Segurança
Pública informou que três armas foram encontradas (uma
pistola e dois revólveres) numa
mata próxima ao local do roubo. Supostamente foram deixadas pelo grupo de assaltantes.
Ontem, a Folha pediu entrevistas com o policial civil dono
do CTT e com seu pai, mas, segundo Aluizio Falcão Filho,
porta-voz da empresa, nenhum
dos dois iria se pronunciar.
Para invadir o CTT, os ladrões (que usavam coturnos
pretos, roupas escuras, capuzes
ou bonés e não falavam gíria,
segundo a testemunha) entraram numa fazenda nos fundos
da CBC com a desculpa de socorrer um motociclista acidentado -a região é de trilhas.
Eles abriram uma picada na
mata e, ao chegar ao depósito,
renderam o único funcionário
que estava no centro -ele trabalhava desarmado. O funcionário foi imobilizado com uma
algema plástica.
O alarme do depósito disparou e a segurança da CBC fez
contato com o funcionário,
mas ele foi obrigado a responder que estava tudo bem. Na
fuga, os ladrões abandonaram
o funcionário na mata. Depois
de se perder, ele chegou a uma
favela e chamou a polícia.
Ligações
Berardino Fanganiello, de
acordo com documentos do
Tribunal de Justiça de SP,
mantém relação com o delegado Fábio Pinheiros Lopes, que
é investigado sob a suspeita de
compra de cargo na polícia paulista. Fanganiello e Lopes aparecem juntos como impetrantes de uma ação no Tribunal.
Em fevereiro, Lopes foi citado como um dos três delegados
que pagaram propina para o ex-secretário-adjunto da Segurança Lauro Malheiros Neto para
conseguir um cargo de destaque na polícia. A acusação foi
feita por Augusto Peña, investigador preso sob acusação de sequestro, em depoimento ao Ministério Público. Lopes e Malheiros negaram a acusação.
Eleusa Velista, advogada do
CTT, disse que Fábio Fanganiello, atualmente lotado no
Detran, não gerencia o CTT e
que, por isso, não há incompatibilidade entre sua função pública e a privada. A advogada
disse não ter condições de dizer
qual é a relação entre Berardino e o delegado Lopes.
O secretário da Segurança,
Ronaldo Marzagão, foi até o
CTT na madrugada, criticou as
condições de segurança e disse
ter acionado o Exército. Em nota, o Exército informou não ser
responsável por fiscalizar as
condições de segurança das
empresas. "Compete ao Exército autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de armas de
fogo e demais produtos controlados", diz o texto.
De acordo com o Exército, o
CTT está em situação regular e
foi aberto um procedimento
administrativo para apurar que
armas foram roubadas.
Colaborou CONRADO CORSALETTE, da Reportagem Local
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