São Paulo, domingo, 07 de março de 2010

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Mudanças de papéis causam estranheza

DA SUCURSAL DO RIO

Quando começou a dirigir ônibus no Rio, há nove anos, Maria Aparecida Lemos, 40, reparou que alguns passageiros faziam sinal para que ela parasse, mas, ao vê-la, não subiam.
Ela se lembra especialmente de um desconfiado senhor que nunca aceitava entrar no veículo. Até que um dia, talvez distraído, subiu no ônibus e virou passageiro frequente.
Mulheres motoristas ainda são minoria -o crescimento de 1978 a 2008 foi de 0,2% para 1,4%-, mas a cena, aos poucos, vai se tornando mais comum.
Mesmo assim, chamam a atenção. Maria Machado, 33, companheira de sua xará na viação Real, conta que, no Carnaval passado, turistas pediram para tirar uma foto ao vê-la ao volante.
Na Real, mulheres são apenas 14 num universo de 850. Cláudio Callak, diretor da empresa, afirma que, se pudesse, contrataria mais. "Elas se envolvem menos em acidentes."
Homens que fazem o movimento oposto e ingressam em carreiras tradicionalmente femininas também contam história de estranhamento e, às vezes, preconceito.
Perseu Silva, 23, é o único professor homem na educação infantil da Escola Parque, no Rio. "O máximo que percebi foi um estranhamento por parte de alguns pais. Mas todos me acolheram bem."
Marcelo Bueno, 33, diretor da escola Estilo de Aprender, em São Paulo, também diz que não foi vítima de preconceito quando era professor na educação infantil. Talvez por isso sua escola tenha padrão raro: a maioria dos professores é homem. "Quando [os pais] percebem que o professor é capacitado, se tranquilizam", conta.


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