|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mudanças de papéis causam estranheza
DA SUCURSAL DO RIO
Quando começou a dirigir ônibus no Rio, há nove
anos, Maria Aparecida Lemos, 40, reparou que alguns passageiros faziam
sinal para que ela parasse,
mas, ao vê-la, não subiam.
Ela se lembra especialmente de um desconfiado
senhor que nunca aceitava
entrar no veículo. Até que
um dia, talvez distraído,
subiu no ônibus e virou
passageiro frequente.
Mulheres motoristas
ainda são minoria -o
crescimento de 1978 a
2008 foi de 0,2% para
1,4%-, mas a cena, aos
poucos, vai se tornando
mais comum.
Mesmo assim, chamam
a atenção. Maria Machado, 33, companheira de
sua xará na viação Real,
conta que, no Carnaval
passado, turistas pediram
para tirar uma foto ao vê-la ao volante.
Na Real, mulheres são
apenas 14 num universo
de 850. Cláudio Callak, diretor da empresa, afirma
que, se pudesse, contrataria mais. "Elas se envolvem menos em acidentes."
Homens que fazem o
movimento oposto e ingressam em carreiras tradicionalmente femininas
também contam história
de estranhamento e, às vezes, preconceito.
Perseu Silva, 23, é o único professor homem na
educação infantil da Escola Parque, no Rio. "O máximo que percebi foi um estranhamento por parte de
alguns pais. Mas todos me
acolheram bem."
Marcelo Bueno, 33, diretor da escola Estilo de
Aprender, em São Paulo,
também diz que não foi vítima de preconceito quando era professor na educação infantil. Talvez por isso sua escola tenha padrão
raro: a maioria dos professores é homem. "Quando
[os pais] percebem que o
professor é capacitado, se
tranquilizam", conta.
Texto Anterior: Trabalho em casa ainda fica sob cuidado feminino Próximo Texto: Mortes Índice
|