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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003

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VIOLÊNCIA

Um telefonema anônimo indicou a clínica em SP onde Marcos Fonseca havia se internado meia hora antes da prisão

Acusado de matar a mãe a pancadas é preso

DO "AGORA"

Após um telefonema anônimo, policiais do 22º Batalhão da Polícia Militar prenderam, às 15h30 de ontem, o desempregado Marcos Fonseca, 38, acusado de matar a mãe a pancadas, na noite da última quarta-feira, em Moema (bairro nobre da zona sul de SP).
Fonseca foi localizado na Clínica de Recuperação Granja Julieta (também na zona sul), onde chegara meia hora antes de ser capturado. No local, já estiveram internados o cirurgião plástico Farah Jorge Farah, acusado de matar e esquartejar uma paciente, e o jornalista Antônio Pimenta Neves, acusado de matar sua ex-namorada, a jornalista Sandra Gomide.
Segundo o sargento Vladimir Pereira da Silva, funcionários da clínica tentaram impedir a entrada dos seis policiais que participaram da prisão, mas cederam diante da gravidade da acusação.
Quando Fonseca foi preso, o pai dele, o bancário aposentado Raul Fonseca, 69, um irmão mais novo do acusado e um tio dele estavam na porta da clínica.
A namorada do acusado, Sandra Lia Lourenço, acusada de co-autoria do crime e solta por um habeas corpus na noite de sábado, chegou a declarar que, na última vez que vira o desempregado, ele estava com o pai. Mas a promessa da família e do advogado do acusado era apresentá-lo à polícia apenas nesta semana.
Ainda segundo o policial Silva, Fonseca exalava um forte cheiro de bebida alcoólica e tentou resistir à prisão, simulando, com uma escova de dentes na cintura, estar armado com um revólver.
Até o início da noite de ontem, Fonseca continuava no 11º DP (Santo Amaro), para onde foi conduzido após a prisão.

Sem explicação
Segundo a delegada Joana D'Arc de Oliveira, ele se negou a falar sobre o assassinato e a explicar os motivos do crime contra a própria mãe, a bancária aposentava Elisa Fristashi, 72.
Um sócio do pai de Fonseca, identificado apenas como Wilson, disse que, desde que cometeu o crime, o acusado vinha negociando com o pai sua entrega à polícia. Ele também disse que, nos momentos em que teve contato com Fonseca, no 11º DP, o acusado admitiu ter ingerido, desde a morte de sua mãe, mais de seis litros de bebida alcoólica.
"Eu tenho certeza de que ele tem problemas com álcool há mais de 20 anos, mas não tenho certeza de que ele consome cocaína como as pessoas estão dizendo por aí", disse Wilson. A informação de que o acusado é viciado em drogas foi divulgada pela polícia e atribuída, pelos policiais, ao pai de Fonseca. O pai teria dito aos investigadores que, depois do crime, o filho foi à sua casa para pedir dinheiro.
Uma perícia realizada no local do crime indicou que o acusado teria utilizado um vaso de plantas para bater na cabeça da mãe. Em seguida, Fristashi teria sido arrastada para o banheiro, onde sofreu novas agressões na cabeça -dessa vez pancadas contra a banheira e o assento da privada.
Um vizinho disse que, após ouvir os gritos da aposentada, o local ficou em silêncio. Fonseca teria tomado banho e fugido, deixando os cômodos revirados e com muitas marcas de sangue. Há digitais do desempregado no apartamento, de acordo com a polícia.

Processo criminal
Alberto Zacharias Toron, professor de direito penal da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), afirmou que Fonseca perdeu "pontos" no processo criminal.
"Quando se apresenta voluntariamente, a pessoa tem um crédito a favor dela, pois mostra claramente que se submeterá à ordem do juiz e à lei penal. Se ela é pega antes, ela perde esse crédito."
Na soma de pontuações, diz Toron, o fato de Fonseca ter sido preso em uma clínica médica poderá contar a seu favor. O juiz poderá pedir um avaliação. Caso seja comprovado algum comprometimento mental, em vez de ser mantido preso, ele será levado para um lugar mais apropriado para ser tratado.


Colaborou a Reportagem Local

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