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Maioria é a favor da ampliação do rodízio
Segundo Datafolha, 56% dos paulistanos aceitam que restrição se estenda a 2 dias por semana; 74% rejeitam pedágio urbano
Para 87%, trânsito é ruim ou péssimo; reprovação ocorre num período em que a cidade registrou sucessivos recordes de congestionamento
EVANDRO SPINELLI
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O morador de São Paulo reprova a condição do trânsito da
capital, aceita a ampliação do
rodízio de veículos para dois
dias por semana, mas é contra a
cobrança de pedágio urbano
como medida para a redução
dos congestionamentos. As
constatações são da mais recente pesquisa Datafolha.
O trânsito é considerado
ruim ou péssimo por 87% dos
paulistanos, segundo o levantamento. Entre os serviços sob a
responsabilidade da prefeitura
este é, de longe, aquele com a
pior avaliação -em segundo lugar vem a saúde, com 55%.
Entre as medidas de combate
ao problema, 56% se dizem a
favor de ampliar de um para
dois os dias de rodízio por semana, mas significativos 39%
são contra a idéia -2% não sabem e 3% são indiferentes.
Já a proposta de pedágio urbano tem forte rejeição. É reprovada por 74% -24% aprovam, 1% é indiferente e 2% não
sabem. A implantação do pedágio nas principais vias, como as
marginais, tem reprovação de
70% -27% são a favor, 1% é indiferente e 2% não sabem.
A pesquisa Datafolha foi realizada nos dias 25 e 26 de março
com 1.089 pessoas maiores de
16 anos. A margem de erro é de
três pontos percentuais, para
mais ou para menos.
A reprovação ao trânsito
ocorre num período em que a
cidade registrou sucessivos recordes de congestionamento.
Na quinta-feira, por exemplo,
foram 229 km de lentidão às
19h, a maior marca desde julho
de 2007, quando a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) passou a adotar os critérios
de medição atuais.
Nos últimos 20 dias, o prefeito Gilberto Kassab (DEM)
anunciou dois pacotes para o
trânsito. O primeiro, que incluía obras em corredores de
ônibus e a divulgação de rotas
alternativas, foi considerado
"tímido" por especialistas.
Na semana passada, ele apresentou medida que restringe a
circulação de caminhões em
parte do centro expandido das
5h às 21h. Os caminhões terão
ainda de seguir o rodízio nas
marginais Tietê e Pinheiros e
na avenida dos Bandeirantes.
A prefeitura diz que só poderá avaliar os efeitos depois de
60 dias das medidas implantadas -o que ocorrerá 45 dias
após a publicação do decreto,
prevista para esta semana.
Ao mesmo tempo, Kassab
descarta a ampliação do rodízio. Para ele, aumentar a proibição para dois dias por semana
seria uma medida "radical" e,
por isso, não está em estudo.
Impopular
A reprovação popular ao pedágio urbano em São Paulo é
semelhante à que foi constatada em outras cidades do mundo
-como em Oslo, na Noruega-
antes da implantação da regra.
A Folha apurou que Kassab
não admite que se fale sobre o
assunto em público neste ano
de eleições. Ele tenta viabilizar
sua candidatura à reeleição
-está em terceiro lugar, segundo pesquisa do Datafolha, atrás
de Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB)- e sabe
que uma proposta impopular
pode minar suas ambições.
O Datafolha mostra que 92%
apóiam a construção e o aperfeiçoamento de corredores de
ônibus, 96% defendem a aceleração das obras do metrô e a reforma das linhas de trem para
torná-las semelhantes ao metrô, 99% querem a melhoria da
qualidade e 93% pedem aumento da quantidade de ônibus -o que é considerado desnecessário pela gestão Kassab.
Além disso, 89% são a favor de
completar a obra do Rodoanel.
A ampliação do rodízio de
veículos para dois dias por semana só não encontra apoio
entre os usuários de carro. Segundo o Datafolha, 54% dos
paulistanos que usam carro
mais do que outros meios de
transporte são contra a medida
-44% são favoráveis.
O índice de rejeição ao pedágio urbano para acesso ao centro é maior entre os que andam
mais a pé: 80% contra e 17% a
favor. Entre usuários de carro,
78% são contra.
Quanto à implantação de pedágio nas principais vias, os
motoristas voltam a liderar o
ranking da rejeição: 79%. Esse
índice é de 70% entre usuários
de metrô ou de ônibus.
O paulistano perde, em média, 109 minutos por dia no
trânsito. Usuários de carros
perdem 115 minutos; de ônibus, 113 minutos; de metrô, 109
minutos. Ao todo, 23% dos
paulistanos perdem mais de
duas horas por dia no trânsito.
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