São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2008

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Maioria é a favor da ampliação do rodízio

Segundo Datafolha, 56% dos paulistanos aceitam que restrição se estenda a 2 dias por semana; 74% rejeitam pedágio urbano

Para 87%, trânsito é ruim ou péssimo; reprovação ocorre num período em que a cidade registrou sucessivos recordes de congestionamento

EVANDRO SPINELLI
ALENCAR IZIDORO

DA REPORTAGEM LOCAL

O morador de São Paulo reprova a condição do trânsito da capital, aceita a ampliação do rodízio de veículos para dois dias por semana, mas é contra a cobrança de pedágio urbano como medida para a redução dos congestionamentos. As constatações são da mais recente pesquisa Datafolha.
O trânsito é considerado ruim ou péssimo por 87% dos paulistanos, segundo o levantamento. Entre os serviços sob a responsabilidade da prefeitura este é, de longe, aquele com a pior avaliação -em segundo lugar vem a saúde, com 55%.
Entre as medidas de combate ao problema, 56% se dizem a favor de ampliar de um para dois os dias de rodízio por semana, mas significativos 39% são contra a idéia -2% não sabem e 3% são indiferentes.
Já a proposta de pedágio urbano tem forte rejeição. É reprovada por 74% -24% aprovam, 1% é indiferente e 2% não sabem. A implantação do pedágio nas principais vias, como as marginais, tem reprovação de 70% -27% são a favor, 1% é indiferente e 2% não sabem.
A pesquisa Datafolha foi realizada nos dias 25 e 26 de março com 1.089 pessoas maiores de 16 anos. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
A reprovação ao trânsito ocorre num período em que a cidade registrou sucessivos recordes de congestionamento. Na quinta-feira, por exemplo, foram 229 km de lentidão às 19h, a maior marca desde julho de 2007, quando a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) passou a adotar os critérios de medição atuais.
Nos últimos 20 dias, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) anunciou dois pacotes para o trânsito. O primeiro, que incluía obras em corredores de ônibus e a divulgação de rotas alternativas, foi considerado "tímido" por especialistas.
Na semana passada, ele apresentou medida que restringe a circulação de caminhões em parte do centro expandido das 5h às 21h. Os caminhões terão ainda de seguir o rodízio nas marginais Tietê e Pinheiros e na avenida dos Bandeirantes.
A prefeitura diz que só poderá avaliar os efeitos depois de 60 dias das medidas implantadas -o que ocorrerá 45 dias após a publicação do decreto, prevista para esta semana.
Ao mesmo tempo, Kassab descarta a ampliação do rodízio. Para ele, aumentar a proibição para dois dias por semana seria uma medida "radical" e, por isso, não está em estudo.

Impopular
A reprovação popular ao pedágio urbano em São Paulo é semelhante à que foi constatada em outras cidades do mundo -como em Oslo, na Noruega- antes da implantação da regra.
A Folha apurou que Kassab não admite que se fale sobre o assunto em público neste ano de eleições. Ele tenta viabilizar sua candidatura à reeleição -está em terceiro lugar, segundo pesquisa do Datafolha, atrás de Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB)- e sabe que uma proposta impopular pode minar suas ambições.
O Datafolha mostra que 92% apóiam a construção e o aperfeiçoamento de corredores de ônibus, 96% defendem a aceleração das obras do metrô e a reforma das linhas de trem para torná-las semelhantes ao metrô, 99% querem a melhoria da qualidade e 93% pedem aumento da quantidade de ônibus -o que é considerado desnecessário pela gestão Kassab. Além disso, 89% são a favor de completar a obra do Rodoanel.
A ampliação do rodízio de veículos para dois dias por semana só não encontra apoio entre os usuários de carro. Segundo o Datafolha, 54% dos paulistanos que usam carro mais do que outros meios de transporte são contra a medida -44% são favoráveis.
O índice de rejeição ao pedágio urbano para acesso ao centro é maior entre os que andam mais a pé: 80% contra e 17% a favor. Entre usuários de carro, 78% são contra.
Quanto à implantação de pedágio nas principais vias, os motoristas voltam a liderar o ranking da rejeição: 79%. Esse índice é de 70% entre usuários de metrô ou de ônibus.
O paulistano perde, em média, 109 minutos por dia no trânsito. Usuários de carros perdem 115 minutos; de ônibus, 113 minutos; de metrô, 109 minutos. Ao todo, 23% dos paulistanos perdem mais de duas horas por dia no trânsito.


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