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SP tem 400 casos de dengue não registrados
Dados do Estado somam 1.297 no primeiro trimestre; levantamento feito pela Folha mostra que número é 31% superior
Secretaria da Saúde diz que atualiza as informações conforme as ocorrências chegam; Ribeirão Preto teve maior divergência: 59 casos
CLÁUDIA COLLUCCI
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Estado de São Paulo teve
no primeiro trimestre deste
ano ao menos 402 casos a mais
de dengue do que o número divulgado pelo governo estadual,
aponta levantamento da Folha
em 164 dos 645 municípios
paulistas. A Secretaria Estadual da Saúde diz que atualiza
os dados tão logo os recebe dos
municípios. Já as prefeituras
alegam que o atraso na consolidação é do Estado.
O dado apurado representa
alta de 30,99% sobre os 1.297
casos notificados de janeiro a
março pelo Estado e divulgados no último dia 28. Mesmo
contando os casos não computados, os números são bem inferiores aos do mesmo período
do ano passado (44.760).
A queda -de 97,1%, segundo
o Estado- foi anunciada em
tom de comemoração pelo governo na segunda-feira passada, quando foi lançada a Semana de Mobilização Social Contra a Dengue. No mesmo dia, o
governo se calou sobre a primeira morte do ano por dengue
no Estado. Uma garota de 18
anos morreu em fevereiro por
complicações de dengue na
Praia Grande (litoral de SP). A
secretaria diz que a morte foi
confirmada três dias antes.
A Folha telefonou para 164
prefeituras pedindo os números de casos confirmados (autóctones e importados de outras cidades) até o dia 28 de
março -último dia contabilizado no balanço do Estado. Em
55 delas houve diferenças.
A maior divergência ocorreu
em Ribeirão Preto, que, em vez
dos 175 casos informados, já tinha 234. "Apesar de tecnicamente não ser uma epidemia, a
situação é preocupante", disse
o secretário municipal da Saúde, Oswaldo Cruz Franco.
Mogi-Guaçu (com 176 casos,
20 a mais que o registrado pelo
Estado) vive um estado de epidemia. "É comum a defasagem", diz a bióloga da prefeitura Cristiana Monteiro Ferraz,
que diz considerar a diferença
um problema de atualização.
Segundo o Ministério da
Saúde, uma epidemia se configura quando há 300 casos por
100 mil habitantes.
Araraquara (com 384 casos
confirmados até o dia 28) registra surto. Na última sexta, a cidade tinha 472 casos -o maior
número do Estado. Quando
atingir 600 casos, o total passa
a representar uma epidemia.
Em outros 11 municípios, onde não havia casos da doença,
segundo o Estado, a Folha encontrou 57 ocorrências.
"O município coloca os dados no sistema, mas não sabemos por que o Estado demora
tanto para atualizá-los", diz
Sérgio Rumin, coordenador do
combate à dengue em Sumaré.
Fora das estatísticas
A dona-de-casa Simone Aparecida da Silva Moura, 37, moradora de Guará, teve o diagnóstico de dengue na segunda
semana de março, dias depois
de a doença acometer seu marido, Djalma Moura, e o filho Júnior. Na semana passada, a filha mais nova, Ana Gabriela,
apresentava sintomas.
Apesar de sofrer os efeitos da
doença por quase dez dias, os
Moura de Guará, assim com os
outros 19 moradores, não integram as estatísticas do Estado.
Até 28 de março, a Prefeitura
de Guará computou 23 casos
-apenas um deles importado.
No ano passado, a cidade teve
21 confirmações. Porém, no boletim da Secretaria de Estado
da Saúde, Guará não tem nenhum caso. A secretária municipal da Saúde de Guará, Rosebel Lúpoli, diz que todos os casos foram enviados ao Estado.
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