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Libertação de casal não afeta inquérito, diz defesa
Advogados do pai e da madrasta de Isabella pretendem pedir hoje à Justiça que o casal
seja libertado
Para promotor, se forem
soltos, eles poderão
influenciar testemunhas e
alterar o local do crime,
atrapalhando a polícia
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Advogados de defesa pretendem entrar hoje na Justiça com
pedido de habeas corpus para
que o casal Alexandre Alves
Nardoni, 29, e Anna Carolina
Trotta Peixoto Jatobá, 24, respondam em liberdade ao inquérito sobre a morte da menina Isabella de Oliveira Nardoni,
5. Eles estão presos desde quinta-feira.
O promotor Francisco José
Taddei Cembranelli disse acreditar que, se o casal for solto,
poderá influenciar testemunhas e alterar o local do crime,
atrapalhando a polícia.
"O habeas corpus está baseado na falta de elementos que
caracterizam os requisitos legais [para a decretação de prisão temporária]. Foi uma prisão precipitada", disse o advogado Marco Polo Levorin.
Levorin afirmou ainda que o
pedido para que o casal responda ao inquérito em liberdade é
baseado nos fatos de que Nardoni e sua mulher, segundo ele,
não coagiram testemunhas,
não abandonaram o local do
crime e não impediram a produção de qualquer tipo de prova. "Não há elementos que coloquem em risco as investigações do inquérito policial."
Já o promotor Cembranelli
acredita que a liberdade do casal "provavelmente prejudicaria um pouco" as investigações.
Ele afirmou que um dos principais argumento que basearam
o pedido de prisão temporária
foi impedir que o casal alterasse o apartamento, prejudicando as perícias complementares
que foram realizadas durante a
última semana.
"A perícia teria que pedir licença para o casal [a fim de entrar no apartamento] para colher elementos e veria o local
completamente alterado. O local felizmente foi preservado, o
carro continua lacrado. O apartamento não está sendo aberto
por ninguém. Tudo isso está
sendo importante para essas
diligências finais. Imagine que
dificuldade seria se o casal estivesse lá", afirmou o promotor.
Cembranelli disse também
que o casal se encontraria com
outros moradores -que devem
ser ouvidos como testemunhas- no elevador do prédio e
em áreas de convivência.
"Com toda essa repercussão
que o caso tomou seria muito
complicado colocá-los em contato com as pessoas. Não estou
dizendo que eles iriam ameaçar
ninguém, mas haveria um
constrangimento natural. Muitos moradores ainda vão ser
chamados para depor. Esse foi
um dos fundamentos que justificaram o pedido [de prisão]."
O promotor disse também
que o pedido de prisão temporária foi feito com base em contradições dos depoimentos do
casal à polícia. Em entrevista à
TV Globo, na noite de ontem, o
advogado Levorin contestou
duas dessas contradições. Afirmou que ao contrário do que
havia dito o Ministério Público,
seu cliente teria comunicado à
polícia ter visto manchas de
sangue no apartamento. Disse
também que Nardoni não deu
depoimento dizendo que a porta do apartamento havia sido
arrombada. A versão de que
Nardoni havia falado sobre arrombamento foi dada por testemunhas.
A polícia já ouviu pelo menos
15 testemunhas no inquérito.
Duas delas disseram ter ouvido
Isabella gritar as palavras "pára
pai", o que levou a polícia à hipótese de que ela poderia ter sido agredida. Um casal disse que
ouviu uma discussão vinda do
apartamento dos suspeitos -o
que é contraditório com o depoimento de Nardoni, que afirmou ter subido ao apartamento
somente com Isabella.
"O conteúdo dos depoimentos precisam ser analisados no
corpo de todas as provas, você
não pode pensar em só uma informação", disse Levorin.
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