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SAÚDE/PSIQUIATRIA
Uso da técnica em consultórios está previsto na lei que regulamenta a odontologia no país
Dentistas usam hipnose para acalmar pacientes
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Controlar a ansiedade de um
paciente odontofóbico durante
um tratamento dentário e conquistar a sua confiança não é uma
das tarefas mais simples. Por isso,
é cada vez mais comum entre os
dentistas a prática da hipnose no
consultório com o objetivo de
tranqüilizar o paciente e tornar o
ambiente mais agradável durante
o tratamento.
O uso da técnica por dentistas
está previsto na lei 5.081/66, que
regulamenta a profissão no país.
Mesmo assim, afirmam os especialistas adeptos da hipnose, ainda existem muitos preconceitos,
que eles associam à falta de informação da população e dos próprios profissionais.
"Poderia haver mais dentistas
trabalhando com a hipnose se o
tema fosse debatido na universidade. Alguns pacientes já enxergam a hipnose como aquela coisa
mística, de palco, como espetáculo. E não é disso que estamos falando", afirmou o cirurgião dentista Doriélio Barreto da Costa,
professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN).
60% dos pacientes
O cirurgião e hipnólogo Marcelo Martins Moreira diz que usa a
técnica de hipnose em cerca de
60% de seus pacientes. "É uma
técnica natural e que, em alguns
casos, pode substituir a anestesia
química. Sua eficácia é comprovada e é preciso quebrar os mitos", afirma.
Uma das novidades na aplicação da hipnose é a hipnoanalgesia
-união da técnica com a analgesia, procedimento em que o paciente é anestesiado inalando óxido nitroso e oxigênio.
Segundo João Roberto Ferreira
da Rosa, presidente da Associação Brasileira de Analgesia e Sedação Consciente, quando o paciente inala o óxido nitroso e o
oxigênio, ele fica levemente sedado e, por isso, mais suscetível à indução pela palavra.
"Então, com o polegar na testa
do paciente, o dentista começa a
sugerir que ele mentalize locais
mais bonitos, mais calmos, mais
aconchegantes e, aos poucos, ele
vai entrando em transe hipnótico
e acaba relaxando completamente, facilitando bastante o tratamento", afirmou Ferreira.
Monitoramento eletrônico
Durante a sessão, o paciente é
monitorado por um oxímetro,
que indica a pulsação, a pressão
arterial e a saturação de oxigênio.
Segundo Rosa, qualquer pessoa
pode ser hipnotizada, desde que
acredite na técnica e confie no
profissional.
O cirurgião Luís Augusto Passeri, responsável pela cirurgia bucomaxilofacial da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas),
não usa a hipnose em seu consultório, apesar de reconhecer que o
método funciona.
"A técnica é boa, é útil, mas não
tem aplicação universal porque
nem todo mundo se deixa hipnotizar. Além disso, perde-se muito
tempo, e não dá para aplicar como procedimento de rotina", diz
Passeri.
Alta aprovação
Miguel Nobre, presidente do
Conselho Federal de Odontologia, disse que em uma enquete
realizada pelo conselho, o uso das
terapias complementares (como
a hipnose, a acupuntura e a homeopatia) foi aprovado por 91%
das 47.714 pessoas que responderam a pesquisa.
"Isso mostra que existe um movimento a favor das terapias complementares. Nunca ouvi dizer
que homeopatia, hipnose e acupuntura fizessem mal. Ninguém
pode ser contra alguma coisa que
venha para o bem do paciente",
afirmou Nobre.
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