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Novo instituto do câncer irá atender planos de saúde
O centro oncológico Octavio Frias de Oliveira foi inaugurado ontem em São Paulo
O governador José Serra e o vice-presidente José Alencar homenagearam o publisher da Folha, morto em abril do ano passado
CLÁUDIA COLLUCCI
CINTHIA RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
Inaugurado ontem, o Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira deve começar a atender pacientes de
planos de saúde até o final do
ano. Por lei, a instituição pode
ter até 20% dos leitos ocupados
por doentes da rede privada de
saúde -80% devem ser do SUS.
A direção do instituto avalia
que os pacientes de convênios
médicos possam representar
uma receita adicional ao instituto, que terá 580 leitos e um
custo anual de R$ 190 milhões.
Inicialmente, a previsão é que
5% dos atendimentos no hospital -o maior centro oncológico
da América Latina- sejam privados, assim como ocorre hoje
no complexo do Hospital das
Clínicas de São Paulo.
Esse modelo de assistência
também é adotado por renomadas instituições oncológicas
internacionais, segundo o oncologista Paulo Hoff, diretor-clínico do instituto. O MD Anderson, por exemplo, é um hospital público, localizado em
Houston, Texas (EUA), e que
atende a pacientes privados de
todo o mundo.
"Nossa idéia é que esse instituto seja para os pacientes de
São Paulo. Se eles têm ou não
convênio, não vamos discriminá-los por isso. Nosso foco é o
paciente do SUS, mas certamente o paciente conveniado
será bem-vindo", afirma Hoff,
também oncologista do hospital Sírio-Libanês.
O médico estima que de 20%
a 30% da população paulista tenha convênio médico e possa
ter interesse em ser atendida
no instituto. "Se ele [paciente]
tem convênio, por que não
aproveitar que essa renda ajude
na manutenção do hospital?"
Outra novidade do instituto é
o fato de ele passar a ditar as
condutas do atendimento oncológico no Estado de São Paulo, segundo o médico Giovanni
Cerri, diretor-geral do instituto. Uma equipe médica do hospital já está revisando as rotinas de tratamento oncológico
na rede pública, modernizando
os protocolos e atualizando as
condutas médicas. "O instituto
assume uma liderança no tratamento do câncer no Estado."
Paulo Hoff afirma que anualmente serão elaborados manuais de condutas com o que há
de mais atualizado e validado
no tratamento do câncer. Eles
serão então repassados aos
profissionais de outros serviços
públicos que atendem pacientes com câncer.
Inauguração
Ontem, durante a inauguração do instituto, o governador
José Serra (PSDB) enfatizou a
mudança qualitativa e quantitativa no atendimento do câncer "na cidade de São Paulo, no
Estado e no país". "Vamos multiplicar por três o número de
vagas públicas [para o tratamento do câncer em SP]."
Luiz Roberto Barradas Barata, secretário de Estado da Saúde, lembrou que o instituto começou a ser construído há mais
de 19 anos e que foram necessários cinco governos para conseguir finalizá-lo, equipá-lo e colocá-lo em funcionamento.
O investimento na obra supera R$ 300 milhões, segundo
o secretário. "Agora temos de
botar para funcionar esse gigante. O desafio é enorme." Para ele, o instituto representa
um marco na saúde pública
paulista, como representou há
30 anos a criação do InCor
(Instituto do Coração).
O vice-presidente José Alencar (PRB) disse que falaria do
instituto como uma pessoa que
entende do assunto. "Já passei
por muitas cirurgias [só na região do retroperitônio foram
três cirurgias para a retirada de
tumores]. É excepcional a satisfação de estar participando hoje da inauguração deste hospital. É São Paulo dando exemplo
mais uma vez."
Em suas falas, Serra, Barradas, Alencar e demais autoridades presentes na inauguração
prestaram uma homenagem ao
patrono do hospital, Octavio
Frias de Oliveira, publisher da
Folha morto em abril de 2007.
"Sr. Frias era desprovido de
vaidade, não se sensibilizava
com homenagens. Mais do que
satisfeito por ter seu nome neste hospital, ele estaria hoje feliz
pela obra colossal que é entregue finalmente à população",
disse a filha Maria Cristina
Frias, agradecendo a homenagem em nome da família Frias.
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