|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Previsão de fevereiro alertou sobre chuva
Para coordenador do Cptec, Defesa Civil deveria dar mais valor a previsões e se reunir para coordenar melhor informações
Em Teresina (PI), uma das cidades mais atingidas, o nível das chuvas superou, nos primeiros cinco dias de maio, a média de todo o mês
DA AGÊNCIA FOLHA
O coordenador do grupo de
previsão de tempo do Cptec
(Centro de Previsão de Tempo
e Estudos Climáticos), Gustavo
Escobar, disse que os órgãos de
Defesa Civil deveriam "dar
mais valor" para as previsões
meteorológicas feitas no Brasil.
O primeiro boletim do Cptec
que indicou chuvas acima do
normal data de fevereiro.
Para Escobar, o fato de chuvas intensas provocarem mortes e graves prejuízos no Nordeste, apesar de previstas pelo
Cptec, mostra que o Sistema
Nacional de Defesa Civil precisa de "melhor coordenação."
"Falta se reunir para coordenar um pouco melhor as informações que tanto o Inmet [Instituto Nacional de Meteorologia] quanto o Cptec emitem para a Defesa Civil."
Além disso, afirmou, há cerca
de dois meses o órgão alerta
"quase diariamente" a Secretaria Nacional de Defesa Civil,
com pelo menos 48 horas de
antecedência, sobre as chuvas
fortes na região Nordeste.
"A gente previu e emitiu alerta meteorológico [para a Defesa
Civil Nacional] com 48 a 72 horas de antecedência. Inclusive a
previsão climática [que aborda
períodos de três meses] já
anunciava chuvas acima do
normal para aquela região."
Sempre que preveem a possibilidade de ocorrência de um
evento extremo, o Inmet e o
Cptec -ligado ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)- informam a Secretaria
Nacional de Defesa Civil.
Os dados são repassados à
Defesa Civil nos Estados, que
alerta os municípios.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil disse ontem que não
tinha nenhum representante
para comentar o assunto.
Meteorologistas
Meteorologistas apontam
que o fenômeno climático chamado de zona de convergência
intertropical (na qual ventos
dos hemisférios Norte e Sul se
encontram, formando nuvens)
ficou mais ao sul neste ano. Por
isso, dizem, choveu com mais
intensidade em regiões como
as do Maranhão e Piauí.
O nível de chuvas, segundo
Ednaldo Correia de Araújo,
chefe da seção de previsão do
tempo do Inmet em Recife
(PE), era previsto para este ano,
mas as precipitações se concentraram nos últimos dias.
Em Salvador (BA), choveu
nos cinco primeiros dias de
maio 169 mm/m3. A média dos
últimos 30 anos para o mês inteiro é de 325 mm/m3.
Em Maceió (AL), o índice
nesses primeiros dias do mês
foi de 95 mm/m3, para uma média mensal de 140. Já em Teresina (PI), uma das cidades mais
atingidas, o nível das chuvas
superou, nesses cinco dias, a
média de todo o mês. Choveu
no município 151,4 mm/m3, índice 36% acima da média.
Segundo Aylci de Barros,
chefe de Previsão de Tempo do
2º Disme (Distrito de Meteorologia) do Inmet, os índices pluviométricos na região Nordeste
são favorecidos também pela
ação do La Niña.
O fenômeno é o resfriamento das águas do Pacífico, que altera a circulação de ventos e a
atuação de frentes frias.
(FÁBIO AMATO, AFONSO BENITES, MATHEUS PICHONELLI e RENATA BAPTISTA)
Texto Anterior: Desalojados pela enchente agora são vítimas de saque Próximo Texto: Turismo: Procura por viagens cai 12%, dizem agências Índice
|