São Paulo, quinta-feira, 07 de maio de 2009

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Previsão de fevereiro alertou sobre chuva

Para coordenador do Cptec, Defesa Civil deveria dar mais valor a previsões e se reunir para coordenar melhor informações

Em Teresina (PI), uma das cidades mais atingidas, o nível das chuvas superou, nos primeiros cinco dias de maio, a média de todo o mês


DA AGÊNCIA FOLHA

O coordenador do grupo de previsão de tempo do Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), Gustavo Escobar, disse que os órgãos de Defesa Civil deveriam "dar mais valor" para as previsões meteorológicas feitas no Brasil.
O primeiro boletim do Cptec que indicou chuvas acima do normal data de fevereiro.
Para Escobar, o fato de chuvas intensas provocarem mortes e graves prejuízos no Nordeste, apesar de previstas pelo Cptec, mostra que o Sistema Nacional de Defesa Civil precisa de "melhor coordenação."
"Falta se reunir para coordenar um pouco melhor as informações que tanto o Inmet [Instituto Nacional de Meteorologia] quanto o Cptec emitem para a Defesa Civil."
Além disso, afirmou, há cerca de dois meses o órgão alerta "quase diariamente" a Secretaria Nacional de Defesa Civil, com pelo menos 48 horas de antecedência, sobre as chuvas fortes na região Nordeste.
"A gente previu e emitiu alerta meteorológico [para a Defesa Civil Nacional] com 48 a 72 horas de antecedência. Inclusive a previsão climática [que aborda períodos de três meses] já anunciava chuvas acima do normal para aquela região."
Sempre que preveem a possibilidade de ocorrência de um evento extremo, o Inmet e o Cptec -ligado ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)- informam a Secretaria Nacional de Defesa Civil.
Os dados são repassados à Defesa Civil nos Estados, que alerta os municípios.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil disse ontem que não tinha nenhum representante para comentar o assunto.

Meteorologistas
Meteorologistas apontam que o fenômeno climático chamado de zona de convergência intertropical (na qual ventos dos hemisférios Norte e Sul se encontram, formando nuvens) ficou mais ao sul neste ano. Por isso, dizem, choveu com mais intensidade em regiões como as do Maranhão e Piauí.
O nível de chuvas, segundo Ednaldo Correia de Araújo, chefe da seção de previsão do tempo do Inmet em Recife (PE), era previsto para este ano, mas as precipitações se concentraram nos últimos dias.
Em Salvador (BA), choveu nos cinco primeiros dias de maio 169 mm/m3. A média dos últimos 30 anos para o mês inteiro é de 325 mm/m3.
Em Maceió (AL), o índice nesses primeiros dias do mês foi de 95 mm/m3, para uma média mensal de 140. Já em Teresina (PI), uma das cidades mais atingidas, o nível das chuvas superou, nesses cinco dias, a média de todo o mês. Choveu no município 151,4 mm/m3, índice 36% acima da média.
Segundo Aylci de Barros, chefe de Previsão de Tempo do 2º Disme (Distrito de Meteorologia) do Inmet, os índices pluviométricos na região Nordeste são favorecidos também pela ação do La Niña.
O fenômeno é o resfriamento das águas do Pacífico, que altera a circulação de ventos e a atuação de frentes frias. (FÁBIO AMATO, AFONSO BENITES, MATHEUS PICHONELLI e RENATA BAPTISTA)


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