São Paulo, quinta-feira, 07 de maio de 2009

Texto Anterior | Índice

Cidade da Música exige mais 15 meses de obra

Cálculo é do arquiteto responsável pelo projeto; complexo sofre auditoria por suspeita de superfaturamento

FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO

A Cidade da Música, um complexo de salas de concertos e de ópera construído pela Prefeitura do Rio na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), só ficará pronta após mais 15 meses de obras, afirma o francês Christian de Portzamparc, responsável pelo projeto.
O complexo está sob auditoria por suspeita de superfaturamento. "Em ritmo acelerado, esse prazo poderia cair para uns oito meses", calcula Portzamparc, um dos principais nomes da arquitetura europeia e autor dos projetos da Cité de la Musique em La Villette e da torre da Louis Vuitton-Moët Hennessy, em Nova York.
A obra, iniciada em setembro de 2003 pelo então prefeito Cesar Maia (DEM) e interrompida em janeiro último, quando Eduardo Paes (PMDB) assumiu a administração, já consumiu cerca de R$ 500 milhões.
Uma auditoria feita pela gestão atual apontou superfaturamento em compras de pelo menos R$ 1 milhão e calculou a necessidade de investir mais R$ 150 milhões.
A Cidade da Música foi o projeto mais polêmico do ex-prefeito Cesar Maia (DEM) em seus dois últimos mandatos (2001/04 e 2005/08). Ao assumir a prefeitura, em janeiro, Eduardo Paes interrompeu a construção e determinou a realização de perícia nos gastos.
A auditoria, realizada por funcionários de cinco órgãos municipais, como as secretarias de Cultura e de Obras, deveria terminar no início deste mês. Em ato publicado no "Diário Oficial" de ontem, o prefeito estende o prazo por 120 dias.
Segundo dados preliminares do relatório, um microfone com preço médio de R$ 2.227 foi adquirido pela prefeitura por R$ 15.556. Já um amplificador de R$ 5.500 custou R$ 33,2 mil. O documento será enviado ao Ministério Público, que pode pedir a abertura de processo contra os responsáveis.
Embora inacabada, a Cidade da Música foi inaugurada por Cesar Maia em 26 de dezembro, a cinco dias do final de seu mandato. Na ocasião, Maia disse ter deixado em caixa dinheiro suficiente para concluir a obra. Ele não se manifestou até a conclusão desta edição.
O vereador Eider Dantas (DEM), secretário de Obras do Rio de 2001 a 08, negou haver irregularidade na construção.


Texto Anterior: Artista expõe a poluição de São Paulo na Europa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.