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Cidade da Música exige mais 15 meses de obra
Cálculo é do arquiteto responsável pelo projeto; complexo sofre auditoria por suspeita de superfaturamento
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
A Cidade da Música, um
complexo de salas de concertos
e de ópera construído pela Prefeitura do Rio na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), só ficará
pronta após mais 15 meses de
obras, afirma o francês Christian de Portzamparc, responsável pelo projeto.
O complexo está sob auditoria por suspeita de superfaturamento. "Em ritmo acelerado,
esse prazo poderia cair para
uns oito meses", calcula Portzamparc, um dos principais nomes da arquitetura europeia e
autor dos projetos da Cité de la
Musique em La Villette e da
torre da Louis Vuitton-Moët
Hennessy, em Nova York.
A obra, iniciada em setembro
de 2003 pelo então prefeito Cesar Maia (DEM) e interrompida em janeiro último, quando
Eduardo Paes (PMDB) assumiu a administração, já consumiu cerca de R$ 500 milhões.
Uma auditoria feita pela gestão atual apontou superfaturamento em compras de pelo menos R$ 1 milhão e calculou a necessidade de investir mais
R$ 150 milhões.
A Cidade da Música foi o projeto mais polêmico do ex-prefeito Cesar Maia (DEM) em
seus dois últimos mandatos
(2001/04 e 2005/08). Ao assumir a prefeitura, em janeiro,
Eduardo Paes interrompeu a
construção e determinou a realização de perícia nos gastos.
A auditoria, realizada por
funcionários de cinco órgãos
municipais, como as secretarias de Cultura e de Obras, deveria terminar no início deste
mês. Em ato publicado no "Diário Oficial" de ontem, o prefeito
estende o prazo por 120 dias.
Segundo dados preliminares
do relatório, um microfone
com preço médio de R$ 2.227
foi adquirido pela prefeitura
por R$ 15.556. Já um amplificador de R$ 5.500 custou R$ 33,2
mil. O documento será enviado
ao Ministério Público, que pode pedir a abertura de processo
contra os responsáveis.
Embora inacabada, a Cidade
da Música foi inaugurada por
Cesar Maia em 26 de dezembro, a cinco dias do final de seu
mandato. Na ocasião, Maia disse ter deixado em caixa dinheiro suficiente para concluir a
obra. Ele não se manifestou até
a conclusão desta edição.
O vereador Eider Dantas
(DEM), secretário de Obras do
Rio de 2001 a 08, negou haver
irregularidade na construção.
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