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Construtora paralisa obra de edifício ao lado do Masp
Lei proíbe construção de
prédio ao lado de bem tombado
DA REPORTAGEM LOCAL
A construtora Gafisa interrompeu as obras do Paulista
Corporate, empreendimento
imobiliário comercial que estava sendo erguido onde hoje
funciona um estacionamento,
ao lado do Masp, na av. Paulista
(região central de SP). A decisão atendeu a recomendação
do Ministério Público Federal.
A lei proíbe a construção de
prédios na vizinhança de bem
tombado que impeçam ou reduzam a sua visibilidade. Por
isso, esse tipo de obra só pode
ser feita com autorização dos
órgãos do patrimônio histórico.
Por estar localizada no entorno do Masp, prédio tombado
nas três esferas de proteção, a
construção do Paulista Corporate deveria ter sido autorizada
por Iphan (âmbito nacional),
Conpresp (municipal) e Condephaat (estadual). A Gafisa, no
entanto, só tinha aprovação dos
órgãos municipal e estadual.
Até o início desta semana, o
Iphan nem sequer havia sido
informado da obra, que, segundo a Gafisa, está em estágio inicial, mas já tem 90% das unidades de escritórios vendidas.
"A região do Masp tem valor
paisagístico, histórico e cultural, e uma construção como a
desse edifício pode afetar as características do lugar, por isso é
importante que o Iphan avalie
o impacto", afirma a procuradora da República Ana Cristina
Bandeira Lins, autora do despacho que recomendou a suspensão da obra.
Ontem, a Gafisa encaminhou
o projeto executivo ao órgão
nacional de preservação.
"Os técnicos vão observar se
ele afeta a visibilidade do Masp
a partir dos espaços públicos e
se a construção pode abalar as
estruturas do bem tombado",
diz Anna Beatriz Galvão, superintendente do Iphan em SP.
Nos próximos dias, além de
analisar o projeto, a equipe do
órgão vai vistoriar o local.
Autorizações
O imbróglio em torno do
Paulista Corporate aconteceu
porque, na época em que a obra
foi autorizada pela prefeitura,
2001, o Masp era tombado apenas pelos órgãos municipal e
estadual de patrimônio. Os dois
aprovaram a obra, com a condição de que o prédio tivesse altura máxima de 70,55m.
Em 2003, no entanto, o prédio projetado por Lina Bo Bardi
foi tombado também pelo
Iphan, o que tornou necessária
também a aprovação por parte
do órgão nacional.
A Gafisa não soube informar
a previsão de lançamento do
empreendimento nem a data
exata em que as obras começaram. Segundo sua assessoria de
imprensa, a diferença de nove
anos entre a aprovação da obra
e o lançamento do empreendimento obedece a estudos mercadológicos.
Procurada pela Folha, a direção do Masp não quis se manifestar sobre o polêmico empreendimento na vizinhança.
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