São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2010

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Ideia de demolir Minhocão existe desde 1975

Vários prefeitos já previram desde a simples destruição do local até a transformação em corredor de ônibus ou parque suspenso

Local já foi considerado um dos mais feios da cidade, mas ninguém conseguiu dar uma solução definitiva ao problema do trânsito

JAMES CIMINO
EDUARDO GERAQUE

DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira vez que os paulistanos quiseram se livrar do Minhocão foi em 1975, apenas quatro anos após a sua construção. Já naquela época, o então prefeito Olavo Setúbal temia o impacto político da demolição do elevado, obra de seu antecessor Paulo Maluf, já que afetaria profundamente o trânsito da cidade. Ou seja, ruim com ele, pior sem ele.
Mais tarde foi Jânio Quadros, prefeito entre 1986 e 1988, quem recebeu um projeto de transformar o local em um jardim suspenso, com duas faixas para ônibus elétricos.
Mais recentemente, Marta Suplicy (PT) e José Serra (PSDB) também chegaram a debater o destino da via que, segundo pesquisa Datafolha de 2004, foi eleito um dos lugares mais feios da cidade.
A obra degradou todo o entorno e afastou moradores dos prédios vizinhos ao viaduto, cansados do barulho e da poluição dos automóveis.
Em 2006, durante a gestão Serra, a prefeitura lançou um concurso que premiaria o melhor projeto de revitalização do elevado Costa e Silva.
Os arquitetos vencedores queriam transformar o local num parque elevado, com trechos de isolamento acústico.
Embora, de acordo com a assessoria da prefeitura, o concurso não tivesse nenhum compromisso com a execução da obra, na época, o prefeito Gilberto Kassab chegou a dizer que seria loucura se comprometer a realizar uma obra tão cara (custaria R$ 86 milhões).
E não havia uma solução para desviar o fluxo de 80 mil carros/dia que passam pelo local.
Já em 2008, a Fundação Getulio Vargas elaborou outro estudo, dessa vez para transformá-lo num corredor de ônibus.

Aprovação
Vários arquitetos acreditam que a proposta anunciada ontem pelo prefeito Kassab tenha começado de maneira adequada, porque só prevê o fim do Minhocão depois da execução de várias outras obras que absorverão o tráfego do local.
"Qualquer ação urbanística em relação ao Minhocão paulistano precisa ser feita de forma integrada", diz Rosana Ferrari, presidente do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil).
"Por isso, a ideia da prefeitura de analisar tudo em conjunto [dentro de uma operação urbana] é positiva."


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