IURI DANTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Cem escolas paulistanas da rede pública serão alvo de uma ofensiva do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos) no combate ao tráfico de drogas.
O serviço de inteligência do órgão mapeou as unidades problemáticas. As primeiras prisões aconteceram anteontem: um grupo suspeito de venda de cocaína e crack em escolas da zona leste.
O grupo é composto pelos nigerianos Régis Uche Ekweh, 32, e Chibuzor Ernest Onuzulike, 26, e pelo casal Rosalvo Pereira de Souza, 50, e Nilza Cardozina Pereira de Souza, 38. Os nigerianos serão investigados, também, por tráfico internacional. Foram apreendidos 100 g de cocaína e crack.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, os acusados atuavam em duas escolas da zona leste, uma estadual e outra municipal. Ambas têm alunos de ensino fundamental (sete a 14 anos). Na unidade estadual há também o ensino médio (15 a 17 anos).
Com os estrangeiros foram encontradas duas cápsulas comumente utilizadas por "mulas" (transportadores de entorpecente que costumam engolir as cápsulas para enganar a polícia).
Os suspeitos negam a acusação. Os nigerianos afirmaram que não conhecem o casal e que apenas passavam pela rua. Ekweh está legalmente há quatro anos no Brasil e Onuzulike, há cinco. Souza afirmou que é usuário de crack e que a droga encontrada em sua casa é para consumo próprio. Ele disse que sua mulher é inocente.
Ontem, outras sete pessoas foram presas. Na região central, três mulheres foram identificadas atuando em uma escola estadual, com alunos de sete a 17 anos. Célia Maria de Matos, 31, e sua filha, grávida, G.L.M, 15, foram presas com 12 pedras de crack. A mãe de Célia, Neusa Maria de Matos, está presa por tráfico no cadeião de Pinheiros. A estudante Patrícia de Jesus Gomes, 19, foi detida vendendo crack à Célia.
Na zona leste, José Jair Ferreira, 50, foi surpreendido por policiais vendendo maconha. Foram apreendidas 18 trouxinhas e 250 gramas da droga, mais três papelotes de cocaína e um revólver.
Pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, divulgada no mês passado, mostrou que o tráfico de drogas está presente em 34,7% das escolas paulistas. Foram pesquisadas 2.351 unidades de ensino de todo o país em 2001.