São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2006

Próximo Texto | Índice

Saulo ironiza deputados e não explica ataques do PCC

As cúpulas das polícias acompanharam o secretário da Segurança Pública

Ele citou Drummond e "O Grande Mentecapto" para atacar petistas; deputado do PTB sugeriu "dar um jeito" em Marcola, líder do PCC


RICARDO GALLO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Protegido por uma claque formada pela cúpula das polícias Civil e Militar e por uma platéia que respondia com vaias e apupos quem o contrariava, o secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, atacou deputados e evitou falar sobre as ações das forças de segurança em combate aos ataques promovidos pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado durante depoimento à comissão de segurança da Assembléia, ontem.
Em quatro horas e meia, Saulo respondeu aos questionamentos das operações da polícia contra o PCC com deboche e, mais uma vez, fez jus ao seu estilo polêmico. "Ele veio aqui e não respondeu nada", resumiu o deputado Vanderlei Siraque (PT), protagonista de diversos bate-bocas com Abreu Filho.
Enquanto os deputados insistiam em saber de Abreu Filho como haviam sido traçadas as estratégias para combater o PCC, principalmente entre 12 e 19 de maio, auge da crise causada pelo PCC, e também se ele tinha um plano de segurança pública para o Estado, o secretário se justificava transferindo a responsabilidade para a "falta de apoio" do governo federal.
"Não posso revelar detalhes da investigação" ou "não comento investigação em andamento" disse o secretário várias vezes, algumas sem olhar para o interlocutor e, em outras, após batucar na mesa.
"Pára com esse tom de machão, você não é assim", disse ao responder a Ítalo Cardoso, (PT) que insistia, exaltado, em saber como a polícia agiu na guerra contra o PCC.
Com ironia, Abreu Filho citou os escritores Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade e Fernando Sabino, em especial sua obra "O Grande Mentecapto", para responder a Ênio Tatto (PT) o significado de "despirocar", tratamento dispensado por ele, em entrevista à Folha, ao ex-titular da Administração Penitenciária Nagashi Furukawa -com quem teve divergências.
"Despirocar é inventar história", disse Abreu Filho, após mandar Tatto consultar um dicionário e de informá-lo, com sarcasmo, que o certo é dizer "projetos de lei", e não "projetos de leis".
Para Ricardo Tripoli (PSDB), a oposição queria transformar em político um debate técnico. Já o deputado Conte Lopes (PTB) insinuou que Marcos Willians Herbas Camacho, 38, o Marcola, líder do PCC, deveria ser morto. "Acho que deveríamos dar um jeito para que esse Marcola nunca mais saísse da prisão", disse.


Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.