São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2006

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Adiado debate sobre filosofia no ensino médio

Proposta, que inclui também o ensino de sociologia, será discutida no Conselho Nacional de Educação

SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão sobre incluir ou não as disciplinas de filosofia e sociologia na grade curricular do ensino médio foi adiada mais uma vez. A pauta tramita no Conselho Nacional de Educação e, se a mudança for aprovada, as escolas públicas e particulares terão de adaptar suas grades curriculares. Hoje em dia, há apenas a orientação para que os conteúdos dessas matérias sejam ensinados.
Um parecer escrito pelo professor e conselheiro Cesar Callegari defende a inclusão das matérias e estará em debate hoje. Callegari afirma que ambas as disciplinas foram retiradas do currículo para que o ensino de matemática e português se intensificasse. "Mas o resultado geral foi um fracasso. Uma queda na qualidade da educação", afirma.
"Os conteúdos dessas áreas, permitem ao jovem visão mais ampla do mundo e incentivam a construção de valores relacionados à tolerância, à paz", diz.
No entanto, a proposta não é unânime. De acordo com a ex-conselheira Guiomar Namo de Melo, a proposta é um retrocesso. "É uma pena, porque é contra o espírito das diretrizes. Toda a orientação é para que não existam disciplinas, mas sim competências. Para que as escolas possam escolher sua proposta pedagógica", diz.
Para a professora, a inclusão das duas matérias só beneficia os professores dessas áreas. "Quando se aprova isso, cria a necessidade do diploma de sociólogo. Esses conhecimentos podem ser trabalhados em história, geografia, literatura. Não precisa ter a disciplina sociologia ou filosofia."
Hoje, caravanas de professores da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) chegam a Brasília para pressionar o conselho e tentar aprovar a inclusão das disciplinas.
"Essas disciplinas sempre tiveram um número de aulas bastante reduzido. E são matérias que têm uma importância muito grande para o desenvolvimento da cidadania", afirma Carlos Ramiro de Castro, presidente do sindicato.
O caminho do parecer, após a discussão e aprovação pelo conselho, é ser homologado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. No país, 17 estados pesquisados pelo MEC, oferecem as disciplinas de maneira obrigatória.
A versão preliminar, que ainda vai ser debatida, aponta que as escolas organizadas em disciplinas terão de incluir filosofia e sociologia no conjunto das outras matérias. A princípio, não haverá um prazo para a adequação, mas, como se trata de diretrizes, os currículos terão de ser adaptados.
Já as escolas com currículo mais flexível poderão manter seu projeto pedagógico. É o caso do Pueri Domus, na capital. "Na nossa grade o que domina não são as disciplinas. Os conceitos de filosofia acabam sendo passados em várias aulas e atividades", diz Luis Antonio Laurelli, diretor de ensino.


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