São Paulo, sábado, 07 de junho de 2008

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IPT culpa consórcio, mas não isenta Metrô por cratera

DA REPORTAGEM LOCAL

O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) concluiu ontem seu laudo sobre as causas da cratera na obra da linha 4-amarela do metrô paulista, quase 17 meses após a abertura do buraco que deixou sete mortos na futura estação Pinheiros.
Os detalhes do relatório técnico não foram divulgados, mas seu teor elenca uma seqüência de fatores que contribuíram para a tragédia e atribui problemas principalmente ao trabalho do Consórcio Via Amarela, embora não isente totalmente a responsabilidade do Metrô, a quem cabe fiscalizar a obra.
O resultado da investigação é apontado pelo Estado como uma avaliação independente, porém sua isenção será questionada pelas empreiteiras.
Ontem mesmo elas divulgaram uma nota ressaltando que "as pesquisas geológicas que subsidiaram" a realização do projeto da linha 4 foram feitas nos anos 90 "pelo próprio IPT, contratado pelo Metrô".
A execução inadequada do projeto é um dos possíveis problemas citados pelo laudo.
O Via Amarela, formado por Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, também deve questionar as falhas apontadas contra ele pelo fato de a investigação do IPT ter sido contratada pela própria estatal paulista.
O trabalho do IPT, pago pelo Metrô, custou R$ 6,55 milhões. O instituto não quis comentar seu laudo -alega que os resultados pertencem à companhia.
O acidente também é investigado pelo IC (Instituto de Criminalística), órgão ligado à polícia e cujo trabalho está previsto para terminar em agosto.
Além do problema na execução do projeto geológico da linha 4, a Promotoria esperava a responsabilização das empreiteiras pelo fato de a construção do túnel ter seguido um sentido inverso da indicação original, além da suspeita de aceleração da obra e da detonação de explosivos não registrada.
O relatório do IPT, com 29 volumes e dois CDs, foi entregue às 19h30 de ontem às partes envolvidas no caso.
"Se configurada como causa alguma omissão do Metrô, ela se deu pelo comportamento de algum de seus empregados. No âmbito do Metrô, vamos apurar. Mas é precipitado dizer qual vai ser a punição e a quem vai recair", afirmou Sérgio Avelleda, diretor de assuntos corporativos da companhia.
Um relatório divulgado no final de março, feito por um especialista britânico contratado e pago pelo Via Amarela, avaliava que a cratera tinha sido resultado de uma "fatalidade", decorrente de uma anomalia geológica -uma rocha gigante que não havia sido apontada pelas sondagens no terreno.
O laudo, na ocasião, apontava que a característica do solo "mole" era um fator contribuinte para a tragédia e que, se a escavação fosse mais profunda, esse risco seria minimizado.
Essa condição também deve ser usada pelo consórcio para atribuir responsabilidade ao Metrô -já que houve pedido das construtoras ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) para fazer uma escavação mais profunda, mas que acabou rejeitado devido ao custo.


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