São Paulo, sábado, 07 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Delegado é preso acusado de roubar cocaína

Robert Carrel é suspeito de ter levado 200 kg da droga em 2003; a Justiça mandou prender outros três policiais da equipe dele

Promotoria diz que cocaína havia sido apreendida em Itu; a Secretaria da Segurança não atendeu ao pedido de entrevista com Carrel

DA REPORTAGEM LOCAL

Acusado de se passar por traficante judeu, com direito a quipá e helicóptero para tentar dar mais realismo ao disfarce e impressionar traficantes internacionais, o delegado Robert Leon Carrel, da Polícia Civil paulista, foi preso ontem sob a suspeita de ter roubado, quando era do Denarc (departamento de narcóticos), 200 quilos de cocaína pura.
A juíza Maria de Fátima dos Santos Gomes Muniz de Oliveira, da 29ª Vara Criminal, também determinou a prisão preventiva do delegado Luiz Henrique Mendes de Moraes e dos investigadores Ricardo Ganzerla e Cleuber Gilson Bueno, todos eles da equipe de Carrel, atualmente no Detran (Departamento Estadual de Trânsito). Até a conclusão desta edição, apenas Carrel havia sido preso.
De acordo com o Gaerco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo, os 200 quilos de cocaína roubados pelos quatro policiais haviam sido apreendidos no aeroclube de Itu (103 km de SP).
Quando eram do Denarc, os quatro policiais se passavam por traficantes para se aproximarem de outros criminosos, entre eles o americano Jacques Pierre Hernandes Delanoy.
Durante nove meses do ano de 2003, Carrel, que se passava por traficante judeu (ele usava o tradicional quipá), e seus homens adquiriram a confiança de Delanoy até que, em setembro daquele ano, uma negociação de cerca de 330 quilos de cocaína foi efetuada, mas apenas 98 quilos foram apresentados pelos policiais.
À época do prisão da droga em Itu por Carrel e seus subordinados, a Secretaria da Segurança Pública anunciou a apreensão da droga como um grande feito de Carrel.
Delanoy pilotava o avião com a droga. Ele foi combatente na Guerra do Vietnã e seria instrutor de vôo de guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Delanoy trabalhava com Juan Carlos Parras Arcila, também preso e apontado pela Segurança Pública como um líder em ascensão no Cartel de Cali, Colômbia, à época da prisão.
Agora, a Promotoria quer descobrir se funcionários do IC (Instituto de Criminalística) estão envolvidos no desaparecimento da droga. Há a hipótese de os laudos de apreensão da droga terem sido forjados.
Nos contatos com os traficantes, os policiais ostentavam dólares e até mesmo um helicóptero para impressioná-los.
A Folha solicitou ao delegado-geral da Polícia Civil de SP, Maurício José Lemos Freire, que sua assessoria de imprensa viabilizasse uma entrevista com Carrel, mas o pedido não foi atendido. (ANDRÉ CARAMANTE)


Texto Anterior: Memória: Caso é o sexto do ano em rodovias de SP
Próximo Texto: Caso faz Serra ficar irritado com secretário
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.