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Delegado é preso acusado de roubar cocaína
Robert Carrel é suspeito de ter levado 200 kg da droga em 2003; a Justiça mandou prender outros três policiais da equipe dele
Promotoria diz que cocaína havia sido apreendida em Itu;
a Secretaria da Segurança não atendeu ao pedido de
entrevista com Carrel
DA REPORTAGEM LOCAL
Acusado de se passar por traficante judeu, com direito a
quipá e helicóptero para tentar
dar mais realismo ao disfarce e
impressionar traficantes internacionais, o delegado Robert
Leon Carrel, da Polícia Civil
paulista, foi preso ontem sob a
suspeita de ter roubado, quando era do Denarc (departamento de narcóticos), 200 quilos de
cocaína pura.
A juíza Maria de Fátima dos
Santos Gomes Muniz de Oliveira, da 29ª Vara Criminal, também determinou a prisão preventiva do delegado Luiz Henrique Mendes de Moraes e dos
investigadores Ricardo Ganzerla e Cleuber Gilson Bueno,
todos eles da equipe de Carrel,
atualmente no Detran (Departamento Estadual de Trânsito).
Até a conclusão desta edição,
apenas Carrel havia sido preso.
De acordo com o Gaerco
(Grupo de Atuação Especial de
Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público de
São Paulo, os 200 quilos de cocaína roubados pelos quatro
policiais haviam sido apreendidos no aeroclube de Itu (103
km de SP).
Quando eram do Denarc, os
quatro policiais se passavam
por traficantes para se aproximarem de outros criminosos,
entre eles o americano Jacques
Pierre Hernandes Delanoy.
Durante nove meses do ano
de 2003, Carrel, que se passava
por traficante judeu (ele usava
o tradicional quipá), e seus homens adquiriram a confiança
de Delanoy até que, em setembro daquele ano, uma negociação de cerca de 330 quilos de
cocaína foi efetuada, mas apenas 98 quilos foram apresentados pelos policiais.
À época do prisão da droga
em Itu por Carrel e seus subordinados, a Secretaria da Segurança Pública anunciou a
apreensão da droga como um
grande feito de Carrel.
Delanoy pilotava o avião com
a droga. Ele foi combatente na
Guerra do Vietnã e seria instrutor de vôo de guerrilheiros das
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Delanoy trabalhava com Juan Carlos Parras Arcila, também preso e apontado pela Segurança
Pública como um líder em ascensão no Cartel de Cali, Colômbia, à época da prisão.
Agora, a Promotoria quer
descobrir se funcionários do IC
(Instituto de Criminalística)
estão envolvidos no desaparecimento da droga. Há a hipótese de os laudos de apreensão da
droga terem sido forjados.
Nos contatos com os traficantes, os policiais ostentavam
dólares e até mesmo um helicóptero para impressioná-los.
A Folha solicitou ao delegado-geral da Polícia Civil de SP,
Maurício José Lemos Freire,
que sua assessoria de imprensa
viabilizasse uma entrevista
com Carrel, mas o pedido não
foi atendido.
(ANDRÉ CARAMANTE)
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