São Paulo, sábado, 07 de junho de 2008

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MARCIO FREDERICO CUNHA DE ARRUDA (1964-2008)

O locutor da "categoria que não muda"

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Ele pegava o torcedor pela orelha" com seus bordões arrastados -"Agueeeeenta coração". Como disse um amigo do rádio e da política, seus dois mundos, "Marcio de Arruda tinha o gol mais bonito do rádio cuiabano".
Tinha 11 anos e já andava pelos corredores da rádio Cultura de Cuiabá. Filho do prefeito Manoel de Arruda, o "Mané Buraco" -alguém tinha que escavar as ruas da cidade-, conviveu de pequeno com vereadores em casa. Acabou vereador também, pelo MDB, nos anos 80.
Trabalhou com Roberto França na rádio e foi seu secretário de comunicação na prefeitura. Se seu nome vinha colado ao epíteto ("Márcio de Arruda, categoria que não muda"), era porque o levara do rádio à campanha.
Mandato, foi um; carreira, duas. Entrou para a Secretaria da Fazenda como fiscal e só saiu aposentado. E havia o rádio -passou pela maioria das emissoras da cidade, como locutor e comentarista, fora as imitações que fazia. Podia narrar ao estilo de Fiori Giglioti ou Jorge Cury. Seu coração no futebol era do Dom Bosco de Cuiabá. Mas sua narração era tão neutra, dizem, que poucos o sabiam.
"Era a política, o rádio e o Carnaval", diz o neto, já que Arruda foi coordenador do Carnaval da cidade e fundador da "Coração Cuiabano", banda de velhos músicos e velhas marchinhas. Algumas cantava na praça Alencastro, entre longas conversas sobre política, tardes inteiras no banco, em frente à prefeitura. Morreu dia 31, aos 64, de infecção no intestino.


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