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São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2003

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SISTEMA CARCERÁRIO

Funcionários frustraram operação em presídio de Guarulhos; quatro ficaram feridos, inclusive piloto

Grupo tenta resgatar presos de helicóptero

André Sarmento/Folha Imagem
Helicóptero parado sobre o telhado da penitenciária


GILMAR PENTEADO
AURELIANO BIANCARELLI
MARIANA VIVEIROS

DA REPORTAGEM LOCAL

Guardas de muralha do presídio Adriano Marrey, em Guarulhos (Grande SP), frustraram uma tentativa de resgate de presos com helicóptero na tarde de ontem.
A aeronave foi sequestrada por dois homens que pretendiam resgatar Alexandre dos Santos, 28, o Seco, e Rogério Moreira Silva.
Seco, que teria dito à polícia ser integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), cumpre pena de 25 anos e quatro meses por assalto e latrocínio e estava na unidade desde novembro.
Moreira Silva, o Baleado, cumpria pena na mesma cela que Seco, a de número 36, perto de onde o helicóptero pousou. Ele matou, em 97, um investigador de polícia especializado em roubos a banco. O preso não estava no telhado da unidade quando os guardas de muralha controlaram a situação e sua participação no plano só foi descoberta depois pela polícia.
No tiroteio com os guardas de muralha, ficaram feridos, além de Seco, o piloto do helicóptero, Alexandre Frederico de Almeida Colaço, 28, e os sequestradores, Jackson Cruz da Silva, 19, e João Morais de Oliveira, 26. Até as 23h, Colaço ainda estava sendo operado no Hospital das Clínicas.
Após a tentativa de resgate, a polícia prendeu Érica Guimarães Antunes, 21, que estava entre os visitantes de presos. Ela é acusada de intermediar o plano audacioso (leia texto nesta página).
Em janeiro do ano passado, dois presos foram resgatados da penitenciária José Parada Neto, ao lado do presídio Adriano Marrey, também por um helicóptero.
Pouco depois, o secretário de Estado da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, determinou que nos pátios dos presídios do Estado fossem colocados cabos de aço e ordenou que os guardas de muralhas disparassem tiros de advertência caso qualquer aeronave chegasse a menos de 50 metros dos muros. Foi exatamente o que ocorreu ontem.
Mesmo com os tiros de advertência, os sequestradores obrigaram Colaço a aterrissar o helicóptero no teto do presídio e dispararam contra os guardas. No local do tiroteio, policiais encontraram uma pistola, um fuzil norte-americano e 53 projéteis da arma ainda intactos, dois telefones celulares e uma câmera de vídeo.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública, para ter acesso ao telhado, Seco utilizou uma escada improvisada com pedaços de pano e de cabo de vassoura.
A tentativa de resgate ocorreu no meio do horário de visitas e, por causa do tiroteio, houve correria entre os visitantes.
De acordo com pilotos colegas de Colaço, o helicóptero Bell Jet Ranger, da Álamo Táxi Aéreo, foi locado por outra empresa de aluguel de aeronaves, a Helimart, que havia sido contratada pelos dois sequestradores para a realização de um vôo panorâmico, o que seria bastante comum nos fins de semana. Como a Helimart não tinha uma aeronave disponível para o serviço, contratou a Álamo, procedimento frequente entre as empresas de táxi aéreo.
O helicóptero teria decolado de um edifício na região da avenida Brigadeiro Faria Lima (zona oeste de São Paulo), o que, de acordo com pilotos, implica embarque sem nenhum procedimento de segurança prévio.
Durante o vôo, Colaço foi rendido pelos sequestradores e obrigado a alterar a rota para o presídio. A Polícia Civil marcou para hoje uma entrevista coletiva para dar mais informações. O helicóptero terá de ser retirado do teto do presídio desmontado, devido às avarias causadas pelos tiros.


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