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SISTEMA CARCERÁRIO
Funcionários frustraram operação em presídio de Guarulhos; quatro ficaram feridos, inclusive piloto
Grupo tenta resgatar presos de helicóptero
André Sarmento/Folha Imagem
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Helicóptero parado sobre o telhado da penitenciária |
GILMAR PENTEADO
AURELIANO BIANCARELLI
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Guardas de muralha do presídio
Adriano Marrey, em Guarulhos
(Grande SP), frustraram uma tentativa de resgate de presos com
helicóptero na tarde de ontem.
A aeronave foi sequestrada por
dois homens que pretendiam resgatar Alexandre dos Santos, 28, o
Seco, e Rogério Moreira Silva.
Seco, que teria dito à polícia ser
integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), cumpre pena
de 25 anos e quatro meses por assalto e latrocínio e estava na unidade desde novembro.
Moreira Silva, o Baleado, cumpria pena na mesma cela que Seco, a de número 36, perto de onde
o helicóptero pousou. Ele matou,
em 97, um investigador de polícia
especializado em roubos a banco.
O preso não estava no telhado da
unidade quando os guardas de
muralha controlaram a situação e
sua participação no plano só foi
descoberta depois pela polícia.
No tiroteio com os guardas de
muralha, ficaram feridos, além de
Seco, o piloto do helicóptero, Alexandre Frederico de Almeida Colaço, 28, e os sequestradores, Jackson Cruz da Silva, 19, e João Morais de Oliveira, 26. Até as 23h,
Colaço ainda estava sendo operado no Hospital das Clínicas.
Após a tentativa de resgate, a
polícia prendeu Érica Guimarães
Antunes, 21, que estava entre os
visitantes de presos. Ela é acusada
de intermediar o plano audacioso
(leia texto nesta página).
Em janeiro do ano passado, dois
presos foram resgatados da penitenciária José Parada Neto, ao lado do presídio Adriano Marrey,
também por um helicóptero.
Pouco depois, o secretário de
Estado da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, determinou que nos pátios dos presídios do Estado fossem colocados cabos de aço e ordenou que os
guardas de muralhas disparassem
tiros de advertência caso qualquer
aeronave chegasse a menos de 50
metros dos muros. Foi exatamente o que ocorreu ontem.
Mesmo com os tiros de advertência, os sequestradores obrigaram Colaço a aterrissar o helicóptero no teto do presídio e dispararam contra os guardas. No local
do tiroteio, policiais encontraram
uma pistola, um fuzil norte-americano e 53 projéteis da arma ainda intactos, dois telefones celulares e uma câmera de vídeo.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança
Pública, para ter acesso ao telhado, Seco utilizou uma escada improvisada com pedaços de pano e
de cabo de vassoura.
A tentativa de resgate ocorreu
no meio do horário de visitas e,
por causa do tiroteio, houve correria entre os visitantes.
De acordo com pilotos colegas
de Colaço, o helicóptero Bell Jet
Ranger, da Álamo Táxi Aéreo, foi
locado por outra empresa de aluguel de aeronaves, a Helimart,
que havia sido contratada pelos
dois sequestradores para a realização de um vôo panorâmico, o
que seria bastante comum nos
fins de semana. Como a Helimart
não tinha uma aeronave disponível para o serviço, contratou a
Álamo, procedimento frequente
entre as empresas de táxi aéreo.
O helicóptero teria decolado de
um edifício na região da avenida
Brigadeiro Faria Lima (zona oeste
de São Paulo), o que, de acordo
com pilotos, implica embarque
sem nenhum procedimento de
segurança prévio.
Durante o vôo, Colaço foi rendido pelos sequestradores e obrigado a alterar a rota para o presídio.
A Polícia Civil marcou para hoje
uma entrevista coletiva para dar
mais informações. O helicóptero
terá de ser retirado do teto do presídio desmontado, devido às avarias causadas pelos tiros.
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