São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2004

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URBANISMO

Sete áreas de interesse cultural e arquitetônico podem ganhar novo status após análise de órgão municipal

Plano diretor preserva imóveis em Pinheiros

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao redor da igreja Nossa Senhora de Mont Serrat, no século 17, não existiam mais que duzentas casas. Três séculos depois, a paisagem no local é bem diferente: ao redor da igreja cresceu Pinheiros, um dos bairros mais valorizados de São Paulo. A pedido dos moradores, a igreja que deu origem à região deve, agora, receber um novo status e se transformar numa zona especial de preservação cultural (Zepec).
A medida está prevista no plano regional da subprefeitura de Pinheiros, aprovado na última sexta-feira em conjunto com os planos das outras 30 subprefeituras da cidade, além da nova lei de zoneamento.
Todas as reformas realizadas em imóveis considerados Zepec precisam ser autorizadas pela prefeitura. Quando o zoneamento especial se referir a um conjunto de imóveis, construções, demolições e corte de árvores, por exemplo, precisarão ser autorizados pela Sempla (Secretaria de Planejamento Urbano).
Assim como a igreja de Mont Serrat, outras seis áreas foram listadas no plano para, mediante parecer do Compresp (órgão municipal responsável pelo patrimônio histórico), serem consideradas Zepec. Atualmente, oito áreas já tombadas são classificadas dessa forma em Pinheiros.
"O mais interessante é que os próprios moradores de Pinheiros começaram a olhar esse acervo patrimonial que a gente tem e solicitaram [a preservação]. Normalmente, as pessoas não prestam atenção nas coisas que vão sendo destruídas no crescimento da cidade, e agora houve uma mobilização", disse o arquiteto Paulo Bastos, presidente da Saap (Sociedade dos Amigos do Alto de Pinheiros).
Duas igrejas entraram na lista: a de Mont Serrat e a da Nossa Senhora do Brasil. O colégio Fernão Dias Paes e o Mube (Museu Brasileiro da Escultura) também foram incluídos, por seu valor arquitetônico. A lista, porém, também engloba conjuntos de imóveis, como os predinhos da Hípica, que serão transformados em zona especial para conter a pressão imobiliária do entorno, que poderia descaracterizar o local.
"Estamos em uma área que é muito valorizada e, quando começaram a construir prédios no conjunto, ficamos preocupados, pois nossa infra-estrutura não é suficiente", disse a arquiteta Yvonne Mautner, que mora no conjunto da Hípica há dez anos.
Mais dois conjuntos devem ser preservados: na rua Sampaio Vidal, os quatro sobrados projetados pelo arquiteto João Vilanova Artigas (1915-1985); no Brooklin, o loteamento Cidade Monções, de Artacho Jurado (1907-1983), conhecido por evocar a cenografia hollywoodiana em seus prédios, como o Bretagne e o Cinderela, em Higienópolis.
Tanto os sobrados projetados por Artigas como o Cidade Monções são exemplos da arquitetura moderna no Brasil.

Críticas
Apesar de considerar uma boa idéia a preservação dessas áreas, o urbanista Cândido Malta, da Sajep (Sociedade de Amigos dos Jardins Europa e Paulistano) se diz preocupado com um trecho da lei que diz que os níveis de preservação das Zepec serão definidos pelo Executivo. "É um tombamento falso, pois permite que parâmetros sejam alterados pelo Executivo", disse Malta.
Segundo o vereador Nabil Bonduki (PT), relator do projeto na Câmara, a Sempla acompanhará o processo, mas todos os imóveis indicados terão de passar por um parecer do Compresp.


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