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URBANISMO
Sete áreas de interesse cultural e arquitetônico podem ganhar novo status após análise de órgão municipal
Plano diretor preserva imóveis em Pinheiros
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao redor da igreja Nossa Senhora de Mont Serrat, no século
17, não existiam mais que duzentas casas. Três séculos depois, a
paisagem no local é bem diferente: ao redor da igreja cresceu Pinheiros, um dos bairros mais valorizados de São Paulo. A pedido
dos moradores, a igreja que deu
origem à região deve, agora, receber um novo status e se transformar numa zona especial de preservação cultural (Zepec).
A medida está prevista no plano
regional da subprefeitura de Pinheiros, aprovado na última sexta-feira em conjunto com os planos das outras 30 subprefeituras
da cidade, além da nova lei de zoneamento.
Todas as reformas realizadas
em imóveis considerados Zepec
precisam ser autorizadas pela
prefeitura. Quando o zoneamento especial se referir a um conjunto de imóveis, construções, demolições e corte de árvores, por
exemplo, precisarão ser autorizados pela Sempla (Secretaria de
Planejamento Urbano).
Assim como a igreja de Mont
Serrat, outras seis áreas foram listadas no plano para, mediante parecer do Compresp (órgão municipal responsável pelo patrimônio
histórico), serem consideradas
Zepec. Atualmente, oito áreas já
tombadas são classificadas dessa
forma em Pinheiros.
"O mais interessante é que os
próprios moradores de Pinheiros
começaram a olhar esse acervo
patrimonial que a gente tem e solicitaram [a preservação]. Normalmente, as pessoas não prestam atenção nas coisas que vão
sendo destruídas no crescimento
da cidade, e agora houve uma
mobilização", disse o arquiteto
Paulo Bastos, presidente da Saap
(Sociedade dos Amigos do Alto
de Pinheiros).
Duas igrejas entraram na lista: a
de Mont Serrat e a da Nossa Senhora do Brasil. O colégio Fernão
Dias Paes e o Mube (Museu Brasileiro da Escultura) também foram
incluídos, por seu valor arquitetônico. A lista, porém, também engloba conjuntos de imóveis, como os predinhos da Hípica, que
serão transformados em zona especial para conter a pressão imobiliária do entorno, que poderia
descaracterizar o local.
"Estamos em uma área que é
muito valorizada e, quando começaram a construir prédios no
conjunto, ficamos preocupados,
pois nossa infra-estrutura não é
suficiente", disse a arquiteta
Yvonne Mautner, que mora no
conjunto da Hípica há dez anos.
Mais dois conjuntos devem ser
preservados: na rua Sampaio Vidal, os quatro sobrados projetados pelo arquiteto João Vilanova
Artigas (1915-1985); no Brooklin,
o loteamento Cidade Monções, de
Artacho Jurado (1907-1983), conhecido por evocar a cenografia
hollywoodiana em seus prédios,
como o Bretagne e o Cinderela,
em Higienópolis.
Tanto os sobrados projetados
por Artigas como o Cidade Monções são exemplos da arquitetura
moderna no Brasil.
Críticas
Apesar de considerar uma boa
idéia a preservação dessas áreas, o
urbanista Cândido Malta, da Sajep (Sociedade de Amigos dos Jardins Europa e Paulistano) se diz
preocupado com um trecho da lei
que diz que os níveis de preservação das Zepec serão definidos pelo Executivo. "É um tombamento
falso, pois permite que parâmetros sejam alterados pelo Executivo", disse Malta.
Segundo o vereador Nabil Bonduki (PT), relator do projeto na
Câmara, a Sempla acompanhará
o processo, mas todos os imóveis
indicados terão de passar por um
parecer do Compresp.
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