São Paulo, sexta-feira, 07 de julho de 2006

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SP quer fim do curso de 4 horas

Prefeitura e governo prometem unificar a construção de salas e eliminar o turno no horário de almoço

Meta é reorganizar alunos nas redes públicas até 2008 para não oferecer mais aula das 11h às 15h; zonas sul e norte têm falta de vagas


AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo paulista e a Prefeitura de São Paulo prometeram ontem acabar com o turno de aulas no horário do almoço, unificar as decisões sobre construção de escolas na capital e, no futuro, padronizar os currículos das duas redes públicas.
O Estado promete acabar com o chamado "turno da fome" no próximo ano letivo, e a prefeitura, em 2008. Nesse regime, os estudantes têm aula das 11h às 15h, aproximadamente, e, apesar do apelido, recebem alimentação no colégio.
Os dois governos trabalharão em conjunto na construção de novas escolas ou salas de aula em colégios já existentes.
Maria Lúcia Vasconcelos, secretária estadual da Educação, disse haver 169 colégios (102 mil alunos) com turno intermediário em sua rede. A carga irá de três horas e 40 minutos para cinco horas de aula/dia.
Já Alexandre Schneider, secretário municipal da Educação, afirma ter 309 colégios com "turno da fome" em sua rede, com 129 mil estudantes. No caso municipal, não há previsão de elevar a carga horária.
A presidente da Associação Estadual de Pais e Alunos, Hebe Tolosa, diz que torcerá para o fim do turno intermediário acontecer. "Se o governo cumprir, será uma maravilha."

Falta de vagas
Mas alguns pais têm receio de que seja mais difícil conseguir vaga para os filhos. "Se com os três turnos já é complicado, imagine se acabarem com ele? Dizem que vão construir mais escolas, mas nunca cumprem", diz Silvana Maria de Oliveira, moradora do Jardim Helena, zona leste. Seu filho Wesley, 9, está na 3ª série no "turno da fome". O problema, para ela, é o fato de o filho passar poucas horas na escola. "Não dá para aprender quase nada."
Segundo a prefeitura, a estimativa inicial indica sobra total de 37 mil vagas na 1ª série do ensino fundamental em São Paulo para 2007. No entanto, nas áreas periféricas da cidade, que ele chama de "pontas", há um déficit de 32 mil vagas.
As áreas mais problemáticas são as zonas sul e norte, onde, em razão das áreas de manancial, é mais complicado encontrar terreno para construir.

Sindicato
Os sindicatos de professores são favoráveis à extinção do "turno da fome" nas escolas estaduais e municipais de São Paulo, desde que isso não signifique demitir servidores.
"Isso não é novidade, todo secretário que entra coloca isso como meta", disse Cleiton Gomes, 38, secretário-geral do Sinpeem (sindicato dos funcionários da rede municipal).
Segundo ele, resta saber se a decisão é pedagógica ou econômica. "Aumentar o número de escolas é uma reivindicação antiga nossa. Mas, se para acabar com os três turnos houver demissão de professores ou inchaço das salas de aula, é preferível que não aconteça", disse.


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