São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2008

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bastidores

Lula vê exagero, mas não vai interferir

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em conversas reservadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, como primeira impressão, houve exagero do Congresso ao elaborar a lei seca, segundo apurou a Folha.
No entanto, o presidente avalia que é preciso esperar as estatísticas sobre acidentes de trânsito para dimensionar se vale a pena o excesso que ele enxergou à primeira vista na lei seca -endurecimento do limite de consumo de álcool antes de dirigir e da punição aos eventuais infratores.
Desde o dia 20, passou a vigorar no país a nova lei, uma das mais rígidas do mundo, que prevê limite de dois decigramas de álcool por litro de sangue (ou 0,1 mg de álcool por litro de ar expelido no bafômetro) para quem for dirigir.
O flagrante acima desse limite acarreta multa de R$ 955, a perda do direito de dirigir por um ano e a retenção do veículo. Isso equivale, em média, a um copo de chope ou uma taça de vinho ou uma dose de bebida destilada -pode haver variações de pessoa para pessoa.
Na legislação anterior, o limite era de seis decigramas de álcool por litro de sangue (o equivalente a 0,3 mg/l de álcool por litro de ar expelido no bafômetro) -volume proporcionado por dois copos de chope ou duas taças de vinho ou ainda duas doses de bebida destilada e que, agora, pode levar o motorista flagrado para a cadeia.
De acordo com um ministro próximo ao presidente, ele não pretende interferir para eventual alteração da lei. O governo julga que caberia somente ao Congresso uma reavaliação do texto.

Cervejinha
Se Lula for indagado, a tendência é dizer que bebida e volante não combinam. O presidente costuma dizer em seus discursos que o trabalhador tem direito a "uma cervejinha", mas deverá engrossar o coro dos que condenam motoristas que abusam do álcool.
Quando o governo enviou sua proposta ao Congresso para proibir a venda de bebidas alcoólicas nas estradas, houve polêmica no Legislativo. O lobby da indústria de bebidas pressionou por modificações que acabaram amenizando a idéia do Palácio do Planalto, mas o Congresso tornou mais rígidas as regras para os consumidores de bebida.
As primeiras estatísticas de Estados a respeito de acidentes de trânsito têm mostrado queda. No governo, o ministro da Justiça, Tarso Genro, é defensor da lei seca. Os órgãos de trânsito estão na sua alçada ministerial.
Tarso disse a Lula que acha boa a lei seca. O ministro da Justiça acredita, de acordo com relato de colegas de governo, que haverá uma queda significativa da violência no trânsito.
Nos bastidores do PT, Tarso é apontado como eventual candidato ao governo do Rio Grande do Sul em 2010.
Na hipótese de a preferida de Lula, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), não viabilizar sua candidatura, Tarso seria uma alternativa. No entanto, há resistência no PT nacional a lhe dar a legenda para concorrer ao Palácio do Planalto.


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