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Polícia Militar paulista reprova candidatos com queixo grande
Edital veta que futuros PMs tenham o chamado prognatismo
CAROLINA LEAL
DE SÃO PAULO
O rosto "queixudo" nunca
tinha incomodado Lucas, 27,
(nome fictício), até ser reprovado no concurso da Polícia
Militar de SP por ter a mandíbula pronunciada -o prognatismo. A característica o
reprovou quatro vezes.
Lucas foi à Justiça e conseguiu o direito de continuar
no concurso para soldado.
Agora, aguarda ser chamado
para as demais provas. "Estou bem ciente do que eu
quero. Ajudar o próximo."
A reportagem teve acesso
a 31 processos de reprovações por problemas odontológicos previstos no edital
-14 concederam ao candidato o direito de voltar ao concurso, 15 negaram o pedido e
dois estão em perícia médica.
Os juízes favoráveis aos
candidatos entenderam que
o problema dentário não impedia a função de PM.
A juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi, da 13ª
Vara de Fazenda Pública de
SP, destacou ainda que a eliminação não era "razoável"
inclusive pela "carência dos
serviços públicos de saúde".
Já os que negaram o pedido entenderam que os candidatos aceitaram os termos do
edital na inscrição.
Segundo Eli Alves da Silva, conselheiro da OAB-SP, a
administração pública pode
fazer exigências, desde que
não configurem discriminação. "Tem que ver no caso
concreto se a exigência não
extrapola o razoável."
Para Ricardo Ferreira, especialista em concursos, a
PM "deveria se preocupar
com a envergadura moral
dos candidatos". No concurso, o exame médico é anterior à avaliação da personalidade e à investigação social.
O especialista em ortodontia Renato Virginio dos Santos diz que, em geral, problemas como o prognatismo
não impedem de exercer as
funções de PM.
Mas ele ressalta, porém,
que em alguns casos pode
haver problema de respiração ou desgaste dos dentes.
A advogada Nanci Rowlands estima que tenha
mais de 200 ações questionando reprovações por avaliação dentária, tatuagem, cicatriz e baixa estatura.
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