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SAÚDE
Resultado falso positivo pode ter afetado 120 pessoas que fizeram o teste entre agosto de 98 e maio de 99
Hospital admite erro em exames de Aids
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O Hospital das Clínicas da
UFMG (Universidade Federal de
Minas Gerais), em Belo Horizonte (MG), informou ontem que 120
pessoas podem ter obtido um resultado falso positivo em exames
anti-HIV realizados entre agosto
de 98 e maio de 99.
Segundo o diretor clínico do
hospital, Henrique Oswaldo Gama Torres, o erro nos resultados
pode ter sido causado por uma
falha humana durante o processo
de manipulação das amostras.
"Suspeitamos que tenha havido
contaminação das amostras na
fase manual dos exames, já que os
kits utilizados são de excelente
qualidade, e os equipamentos, de
última geração."
Até a tarde de ontem, o hospital
já havia detectado a existência de
cinco casos de resultados falso
positivo para exames anti-HIV.
O primeiro caso foi detectado
em dezembro, quando o hospital
foi procurado por um paciente
do grupo de acompanhamento
de soronegativos (pessoas que
não têm o vírus HIV e que são
acompanhadas para análise de
comportamento).
O paciente informou ao hospital que não havia possibilidade de
ter contraído o vírus HIV, já que
não tinha comportamento de risco e não havia recebido transfusão de sangue. Após a realização
de novos testes laboratoriais, ficou constatado o erro do primeiro resultado.
"Primeiro achamos que a falha
estava dentro da margem de erro
dos exames (0,02%). Depois, com
o registro de outros quatro casos
semelhantes, decidimos reavaliar
as amostras", informou Torres.
Os 120 pacientes que podem ter
obtido resultados falsos começaram a ser contactados pelo hospital na manhã de ontem, 15 dias
após a abertura de sindicância
para apurar responsabilidades.
Além de ter publicado um
anúncio nos principais jornais de
Belo Horizonte para informar sobre a possibilidade de falha no resultado dos exames e convocar os
pacientes para um novo teste, o
hospital convocou algumas pessoas por telefone e emitiu cartas.
Até as 17h de ontem, oito pessoas já haviam procurado o laboratório do hospital para a realização de novos exames.
"Acho que o hospital agiu bem
ao divulgar o erro, mas o trauma
de obter um resultado positivo
para o vírus HIV é muito grande.
Aqueles que se sentirem prejudicados devem acionar o hospital
na Justiça", disse o presidente do
Gapa (Grupo de Apoio ao Paciente com Aids), Roberto Chateaubriand.
Atualmente, o Hospital das Clínicas da UFMG presta atendimento a cerca de 2.000 pacientes
com Aids e realiza cerca de 300
exames anti-HIV por mês.
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