São Paulo, Quarta-feira, 07 de Julho de 1999
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SAÚDE
Resultado falso positivo pode ter afetado 120 pessoas que fizeram o teste entre agosto de 98 e maio de 99
Hospital admite erro em exames de Aids

CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O Hospital das Clínicas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), em Belo Horizonte (MG), informou ontem que 120 pessoas podem ter obtido um resultado falso positivo em exames anti-HIV realizados entre agosto de 98 e maio de 99.
Segundo o diretor clínico do hospital, Henrique Oswaldo Gama Torres, o erro nos resultados pode ter sido causado por uma falha humana durante o processo de manipulação das amostras.
"Suspeitamos que tenha havido contaminação das amostras na fase manual dos exames, já que os kits utilizados são de excelente qualidade, e os equipamentos, de última geração."
Até a tarde de ontem, o hospital já havia detectado a existência de cinco casos de resultados falso positivo para exames anti-HIV.
O primeiro caso foi detectado em dezembro, quando o hospital foi procurado por um paciente do grupo de acompanhamento de soronegativos (pessoas que não têm o vírus HIV e que são acompanhadas para análise de comportamento).
O paciente informou ao hospital que não havia possibilidade de ter contraído o vírus HIV, já que não tinha comportamento de risco e não havia recebido transfusão de sangue. Após a realização de novos testes laboratoriais, ficou constatado o erro do primeiro resultado.
"Primeiro achamos que a falha estava dentro da margem de erro dos exames (0,02%). Depois, com o registro de outros quatro casos semelhantes, decidimos reavaliar as amostras", informou Torres.
Os 120 pacientes que podem ter obtido resultados falsos começaram a ser contactados pelo hospital na manhã de ontem, 15 dias após a abertura de sindicância para apurar responsabilidades.
Além de ter publicado um anúncio nos principais jornais de Belo Horizonte para informar sobre a possibilidade de falha no resultado dos exames e convocar os pacientes para um novo teste, o hospital convocou algumas pessoas por telefone e emitiu cartas.
Até as 17h de ontem, oito pessoas já haviam procurado o laboratório do hospital para a realização de novos exames.
"Acho que o hospital agiu bem ao divulgar o erro, mas o trauma de obter um resultado positivo para o vírus HIV é muito grande. Aqueles que se sentirem prejudicados devem acionar o hospital na Justiça", disse o presidente do Gapa (Grupo de Apoio ao Paciente com Aids), Roberto Chateaubriand.
Atualmente, o Hospital das Clínicas da UFMG presta atendimento a cerca de 2.000 pacientes com Aids e realiza cerca de 300 exames anti-HIV por mês.


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