São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2004

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JUSTIÇA

Após audiência, eles não quiseram comentar o caso

Policiais suspeitos de lesar cliente de seguro de carro depõem em SP

ALEXANDRE NOBESCHI
DA REDAÇÃO

Suspeitos de integrar um esquema que tentava incriminar segurados por fraude no seguro de automóveis, policiais civis do 27º DP (Campo Belo, na zona sul) foram ouvidos ontem no Fórum Criminal de São Paulo. Na saída, eles não comentaram o caso.
Na audiência, os delegados Enjolras Rello de Araújo, Guaracy Moreira Filho e Antonio dos Santos e o escrivão Geraldo Pecatiello, mais a juiza-corregedora Ivana David Boriero e os promotores Arthur Ramos Lemos e Márcia de Holanda Montenegro, assistiram a uma fita que mostrava como os segurados eram acusados de fraudar o assalto do próprio veículo e enviar o veículo ao Paraguai.
Na gravação, a que a Folha também teve acesso, um ex-empresário do ramo dá detalhes sobre a atuação dessas empresas para investigar o segurado. Ele cita que, mesmo em casos que não havia nenhuma irregularidade, conseguia-se "melar" a indenização. "Somos forçados a tentar "melar", porque a gente fazendo isso aí, a companhia [seguradora] deixa de pagar", disse o ex-empresário.
Essas empresas, segundo ele, providenciavam documentos falsos vindo do Paraguai e da Bolívia para demonstrar que o segurado queria aplicar um golpe na companhia de seguros.
Caso obtivessem êxito em "melar" o sinistro, a sua empresa recebia 15% do valor que seria pago na indenização. Se o segurado vencesse a queda de braço com a seguradora, as prestadoras de serviço recebiam em média R$ 135.
Com os documentos, supostamente frios, dava-se entrada em um inquérito para tentar incriminar o segurado.
Para representá-las, as companhias de seguro utilizam o serviço do advogado Carlos Alberto Manfredini, que afirma ter representado algumas seguradoras, como a Marítima, a Porto Seguro, a Unibanco, entre outras.
"Recebia os documentos direto do departamento de sinistros das seguradoras para montar o inquérito. A gente analisava os documento feitos em cartórios paraguaios e fazia os inquéritos", afirmou Manfredini.


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