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Cerejeiras celebram festa japonesa e dão cor à paisagem de SP
Paulistanos poderão assistir à florada nas próximas duas semanas no parque do Carmo; uma vez florida, árvore perde logo as pétalas sob a ação dos ventos
ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA
Parecia um parque de Kyoto
(Japão). Crianças, jovens, adultos e idosos esticavam suas esteiras, sacavam seus obentos
(marmita) e mergulhavam por
horas no "hanami", uma espécie de ritual de contemplação
das cerejeiras em flor. Mas o cenário em questão era em Itaquera (zona leste de São Paulo).
Numa cidade tão carente de
área verde e em uma das regiões mais áridas da capital, o
parque do Carmo recebeu ontem cerca de 3.000 pessoas, segundo os organizadores, entre
japoneses, descendentes e brasileiros, atrás da florada da 28ª
Festa das Cerejeiras.
O Carmo, um dos maiores
parques da cidade, abriga um
jardim com cerca de 1.500 cerejeiras de quatro variedades, numa área de 48 mil m2. Conhecida como "sakura" no Japão, a
cerejeira é considerada sagrada
e símbolo daquele país.
Em São Paulo, a variedade
que encontra-se carregada de
flores é a "yukiwari", de tom
rosa-claro. Patrício Yoshio
Yoshioka, 65, assistente-técnico do jardim, diz que os paulistanos poderão observar a florada desse tipo de árvore apenas
durante as próximas duas semanas. Neste curto período de
tempo, ela vai perdendo as pétalas lentamente sob a ação dos
ventos.
"Pena que essa beleza dure
tão pouco", disse a dona de casa
Rosa Ariga, 60, ao lado de um
grupo de amigos, que fazia piquenique debaixo de uma cerejeira. "É um espetáculo que
justifica a gente ficar aqui apreciando e relaxando por horas."
A primeira florada do jardim
das cerejeiras do parque do
Carmo aconteceu em 1978,
quatro anos após o início do
cultivo, mas somente em 1981 a
festa foi aberta ao público.
Segundo Yoshioka, a cerejeira é uma árvore rústica que
quase não dá trabalho. "Para
ela ter um bom desenvolvimento, porém, é necessário
adubar e podar ao menos uma
vez por ano."
As mudas pequenas, geralmente com cerca de 50 cm de
comprimento, demoram entre
três e quatro anos para dar a
primeira florada, explica Yoshioka. "Infelizmente, as flores
só permanecem por duas ou
três semanas, dependendo da
variedade."
Organizada pela Federação
de Sakura e Ipê do Brasil em
conjunto com outras 14 associações nipo-brasileiras da zona leste, a 28ª Festa das Cerejeiras contou ainda com show
de danças folclóricas durante
toda a tarde ontem e barracas
de comida típica japonesa.
Segundo Koniti Wada, secretário da federação, todo trabalho é voluntário. O dinheiro arrecado no evento será aplicado
na conservação do jardim, com
o objetivo de garantir novas
floradas de cerejeiras no ano
que vem aos paulistanos.
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