São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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TERUÔ FURUSHÔ (1942-2008)

O caratê-cidadão do mestre Teruô

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O amigo insistiu uma, duas, dez vezes, e insistiu tanto durante quase um ano que Teruô Furushô finalmente cedeu, arrastou a mesa para o canto da pequena sala e começou, ali mesmo no trabalho, a ensinar caratê.
A idéia ganhou força, e logo vieram as primeiras aulas em local apropriado, para um grupo de interessados, no Hospital Central da Aeronáutica, no Rio de Janeiro.
O caminho que levou o militar de reserva da Força Aérea Brasileira ao caratê ganhou forma, pouco a pouco, graças ao pai. Filho brasileiro de imigrantes japoneses que se instalaram na região de Marília (SP) para trabalhar na lavoura, Teruô teve educação de samurai, voltada para servir ao próximo antes de satisfazer os próprios desejos. "Mestre Teruô não formava lutadores, formava cidadãos", lembra um amigo.
Muito humilde, dispensava luxos. Certa vez, ao dar aulas no Pará, hospedaram-no sozinho numa "mansão", para agradá-lo. No dia seguinte, aborrecido, confidenciou ao amigo que preferia ter ficado num hotelzinho qualquer na companhia dos colegas.
Formado em direito (não exerceu), Teruô foi um dos fundadores da Confederação Brasileira de Karate e era o representante oficial do estilo Shotokan (o mais praticado no mundo) no país.
Internado com problemas no coração, ficou em coma por 38 dias. Morreu no domingo, no Rio, aos 66 anos, de falência múltipla dos órgãos. Não deixou filhos.

obituario@folhasp.com.br


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