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Vacina contra gripe sai em 1 mês, diz OMS
Vacinação deve começar nos países do hemisfério norte; testes já estão em fase adiantada, segundo a Organização Mundial da Saúde
No Brasil, a imunização contra a gripe suína só deverá ser iniciada no começo do ano que vem, de acordo
com o Ministério da Saúde
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou ontem
que a vacina contra o vírus da
gripe suína já estará disponível
para alguns países na primeira
metade de setembro. Serão
contemplados, inicialmente,
países do hemisfério norte, que
começam a entrar no inverno
no final do ano.
No Brasil, a vacinação só deverá começar no início do ano
que vem, nos meses que antecedem o inverno no hemisfério
sul, afirma o Ministério da Saúde. O órgão ainda não sabe o
mês exato, nem se a vacinação
para a gripe suína deve acontecer com a da gripe sazonal, que
começa a ser feita em abril.
Segundo a diretora de vacinas da OMS, Marie-Paule
Kieny, a nova vacina passa por
testes clínicos desde julho em
cinco países: EUA, Alemanha,
China, Reino Unido e Austrália.
Os testes determinarão, além
da eficácia, quantas doses são
necessárias para a imunização:
uma, como a da gripe sazonal,
ou duas, como a da aviária.
A OMS garantiu que a urgência não vai ameaçar a qualidade
da nova vacina. "Os procedimentos regulatórios para o licenciamento das vacinas para a
pandemia, incluindo os procedimentos para a sua rápida
aprovação regulatória, são rigorosos e não comprometem a segurança ou o controle de qualidades", diz nota da OMS.
Para que possa ser usada, a
vacina terá antes que ser aprovada pelas agências reguladoras dos países conforme os critérios de cada um.
A vacina que será usada inicialmente no Brasil virá de um
laboratório europeu. O governo
comprou 1 milhão de doses de
vacina do laboratório francês
Sanofi Pasteur, suficientes para
17 milhões de pessoas.
No Brasil, a vacina começará
a ser produzida ainda neste
mês, de acordo com o Instituto
Butantan. As amostras de vírus
usadas para iniciar o processo
chegam na próxima semana.
Efeitos adversos
A OMS afirmou que a nova
droga poderá causar efeitos colaterais leves, como febre, náusea e desmaios, mas lembrou
que isso também ocorre com
outras vacinas contra gripe.
"Não existe uma vacina que
garanta preocupação zero com
a segurança", disse Kieny.
Em casos raros podem surgir
efeitos colaterais severos e cabe
às autoridades de saúde locais
monitorá-los para determinar
se são causados pela vacina ou
são só coincidência.
A preocupação tem origem
num precedente envolvendo
outro surto de gripe suína,
ocorrido em 1976, nos EUA. Na
época, 30 pessoas morreram vítimas da síndrome Guillan-Barré, uma desordem muscular rara provavelmente causada
pela vacina, que foi aplicada em
40 milhões de pessoas.
Kieny minimizou a preocupação, lembrando que a pureza
das vacinas e os controles de
qualidade evoluíram de forma
significativa nos últimos 30
anos. "Quando há uma vacinação em larga escala sempre
aparecem casos de eventos adversos", disse. "Mas muitos
nem são causados pela vacina".
Para Marc Gentilini, especialista em doenças infecciosas e
ex-presidente da Cruz Vermelha francesa, a gripe criou "uma
pandemia de indecência". Ele
citou o exemplo da França, que
vai desembolsar 1 bilhão de euros (R$ 2,6 bi) para imunizar
toda a sua população.
"Um bilhão de euros por uma
vacina com tantos pontos desconhecidos é precipitação pura", disse Gentilini. "Esse dinheiro poderia ser melhor usado em outras causas."
Com agências internacionais
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