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FOCO
Aos 35, delegada é a mais jovem secretária da Segurança de Goiás
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA
Olhos verdes, 1,65 m, 60
kg, cabelo longo clareado
por luzes, salto 14, bolsa com
batom rosa e uma pistola .40.
Desde a semana passada,
Renata Cheim, dona desses
predicados, é a responsável
pela segurança dos 6 milhões
de goianos. Aos 35 anos, ela é
a terceira mulher a ocupar o
cargo de secretária da Segurança no país e a mais jovem.
Delegada desde os 25, vai
comandar 22 mil pessoas. De
perfil operacional, ficou famosa por ações contra o tráfico. A Folha acompanhou um
dia da secretária.
"Como é que vocês querem fazer as fotos?", pergunta Renata ao se encontrar
com a equipe. Após relatar a
agenda do dia, ela sugere um
voo panorâmico pela cidade.
"Vocês viram, eu sou meio
assessora de imprensa, né?"
O voo não aconteceu: o helicóptero da PM goiana está
com o seguro vencido.
"Este é o único homem
que manda em mim. Mas só
por uma hora." O homem é
Leo Mozart, seu personal
trainer. Renata malha três vezes por semana. Desde segunda, a bolsa Victor Hugo
preta está 680 gramas mais
leve. A pistola PT 640 Taurus
foi guardada porque ela foi
obrigada a andar com seguranças. "Antes, se me acontecesse algo, era comigo. Agora
é contra o Estado."
Neste ano, ela e o namorado foram assaltados. O bandido a reconheceu como policial -e morreu na troca de
tiros. "Só depois descobri
que ele atirou três vezes e a
bala estava velha. Naquela
hora, a mão de Deus reconheceu o que fiz."
Goiás foi o Estado que
mais reduziu a taxa de homicídios entre 2007 e 2009. Mas
casos rumorosos como o do
maníaco de Luziânia, que estuprou e matou sete jovens, e
a explosão do crack levaram
a uma sensação de insegurança na população.
Renata comandava a delegacia onde o maníaco se suicidou. Ela diz que tomou todos os cuidados para evitar a morte dele. "Ele não estava
arrependido pelas mortes.
Mas estava com vergonha
por a homossexualidade dele
ter sido descoberta", contou.
Goiás ganhou projeção no
noticiário policial em 1996
quando um bandido de classe média, Leonardo Pareja,
liderou uma rebelião que fez
de refém a cúpula do Estado.
Renata, ainda estagiária
de direito, estava lá: "Fui trocada por água e celular".
Ela ingressou na polícia
em 2000. A primeira delegacia foi em Montes Claros, cidade de 8.000 habitantes.
ROSA-CHOQUE
Separada do primeiro marido, com quem tem 2 filhos,
está namorando. "Ele [o namorado] prometeu me dar
uma pistola rosa", conta a secretária, que adora armas.
"Nunca tinha pego numa até
a academia de polícia. Quando peguei, foi uma sensação", diz, os olhos brilhando.
Vai a um encontro com policiais militares e depois visita a sede da Polícia Civil.
Cumprimenta os policiais
com apertos de mão e abraços -nada de beijo no rosto.
Ela diz que, até agora, não
sentiu preconceito. Só o filho
de oito anos não gostou: "Ele
reclamou que eu não vou
mais prender ninguém". O
compromisso termina em dezembro. E depois? "Quero ser
delegada de novo. Ser policial é um prazer que poucos
têm e poucos entendem."
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