São Paulo, sexta, 7 de agosto de 1998

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Motoboy voltou sem abordagem da PF

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
em Alvear (Argentina)

O motoboy Francisco de Assis Pereira entrou no país sem ser abordado pela Polícia Federal na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina. Depois, ficou ainda quatro dias em liberdade.
"Não tenho nada a declarar sobre isso. Qualquer um pode passar onde quiser. O rio (Uruguai) não tem patrulhamento permanente", disse ontem, antes de desligar o telefone, o delegado da PF em Uruguaiana (RS), Miguel Angelo Pelicel, principal autoridade da Polícia Federal na região oeste gaúcha.
Pereira, que estava foragido havia 23 dias, foi preso pela Brigada Militar (a Polícia Militar do Rio Grande do Sul) na última terça-feira, após ter sido reconhecido pelo pescador João Carlos Dorneles Vilaverde, de Itaqui (RS), como o suspeito de ser o maníaco do parque do Estado.
A família argentina que hospedou Francisco de Assis Pereira disse que ele deixou a cidade de Alvear na tarde de sexta-feira da semana passada, cumprindo os trâmites legais.
Identificação
Ou seja, ele se identificou no posto da Marinha argentina antes de pegar a balsa para Itaqui, a cidade gaúcha no outro lado do rio Uruguai. A travessia é feita por 2,50 pesos (US$ 2,50).
A relação de passageiros que saem da Argentina é trazida pelo comandante da balsa para as autoridades da aduana brasileira.
Embora a família do pescador Luis Carlos Otazo diga que Pereira saiu pela via legal, os agentes que trabalham no porto do país vizinho afirmaram que o nome do rapaz não consta da relação dos passageiros.
O inspetor da Receita Federal em Itaqui Ricardo Medeiros disse ter examinado a mochila de um homem que, supõe, era Pereira. A Receita Federal se preocupa com os objetos que as pessoas levam e trazem e não com a documentação pessoal.
Medeiros disse que achou o homem que supõe ser o motoboy um sujeito um tanto estranho, mas não o associou às fotos divulgadas pela imprensa. "Nas fotos, ele parecia ser branco", disse o inspetor sobre a tez de Pereira, que é moreno e deixou também crescer um cavanhaque.
Pereira disse, em entrevistas, ter atravessado o rio em um barco, não especificando se era uma lancha ou uma balsa do serviço regular, controlado pela Marinha dos dois países, ou um bote ou caíque de algum pescador.
As autoridades não descartam a hipótese de o rio ser atravessado a nado, à noite, por alguém que queira passar incólume. O Uruguai, na altura de Itaqui e Alvear, tem cerca de 300 metros de largura e 80 metros de profundidade.



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