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GINÁSTICA PASSIVA
Unifesp quer descobrir riscos e benefícios de equipamento; para especialistas, estímulo elétrico não reduz barriga
Estudo irá analisar eficácia de aparelhos
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp) está iniciando
um estudo para saber se os aparelhos de ginástica passiva trazem
algum benefício, se implicam riscos ou se não servem para nada.
"A pesquisa dirá se a propaganda
é ou não enganosa para a saúde e
para o bolso", afirma o médico fisiologista Turíbio Leite de Barros
Neto, chefe do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Unifesp.
A propaganda promete o efeito
de 600 abdominais em apenas dez
minutos de uso do aparelho.
De antemão, os especialistas
alertam que estímulos elétricos
artificiais não produzem aquilo
que os consumidores desses equipamentos mais desejam: a queima de caloria, a perda da barriga e
um enrijecimento dos músculos
abdominais.
O estímulo elétrico emitido pelo
aparelho produz uma contração
semelhante àquela comandada
pelo cérebro e enviado por um
nervo, explicam os especialistas.
Assim, uma flexão do joelho pode
ser provocada tanto por um estímulo elétrico artificial como por
aquele enviado pelo cérebro.
"Mas quando o estímulo é artificial, não há gasto de energia", diz
Claudio Pavanelli, fisiologista do
Hospital Albert Einstein e do Departamento de Educação Física
em Cardiologia da Socesp (Sociedade de Cardiologia de São Paulo). Sem gasto calórico, não há
perda do peso nem da barriga. Da
mesma forma, não há outros benefícios decorrentes do exercício
como a redução da pressão arterial e das gorduras do sangue.
O estímulo elétrico artificial só
beneficiaria musculaturas muito
flácidas ou atrofiadas por lesões
que exigem longa imobilização.
"O equipamento empregado
nas clínicas de fisioterapia, chamado de "corrente russa", pode ser
regulado para emitir estímulos de
ondas de tamanho e frequência
diferentes", diz Turíbio Neto. "Já
os aparelhos caseiros emitem um
estímulo pré-determinado, atingindo menos de 10% das fibras ou
células musculares", afirma.
A fisiologista Sandra Lia do
Amaral, do Instituto de Ciências
Biomédicas da USP, vem pesquisando a estimulação elétrica em
ratos. Mesmo estimulando diretamente o nervo, os benefícios desaparecem assim que a aplicação
é interrompida, ela afirma.
Os riscos e benefícios dos estimuladores elétricos foram tema
da última reunião do Departamento de Educação Física da Socesp. O assunto também vem sendo tratado em encontros recentes
de cardiologia no exterior.
O estudo da Unifesp será um
dos primeiros a avaliar benefícios
e riscos, inclusive para o coração.
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