São Paulo, quarta-feira, 07 de setembro de 2011

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Conselho defende mãe acusada por filho

Funcionário do órgão afirma ser de boa índole mulher cujo filho ligou para a polícia dizendo estar abandonado

Por conta da ligação ao 190, juiz mandou crianças para abrigo; especialistas acham medida precipitada

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

O Conselho Tutelar de Itapecerica da Serra (Grande SP) enviou relatório ao fórum da cidade, no fim da tarde de ontem, defendendo os pais suspeitos de deixar seus três filhos presos em casa.
No sábado, o filho de 11 anos de Helena Alves Ferreira, 33 (o pai, que mora na mesma casa, não foi identificado), ligou para o 190 e disse que era comum ficar trancado em casa sozinho com os irmãos -um de dois anos e outro de cinco meses-aos fins de semana e que sofriam maus-tratos da mãe.
Anteontem, as crianças foram enviadas ao abrigo municipal por decisão do juiz Gabriel Sormani. No documento -que serve como auxílio ao juiz para decidir o tempo das crianças no abrigo-, os conselheiros disseram que as crianças não têm marcas de agressões e são bem cuidadas. Afirmaram, ainda, que a casa, de cinco cômodos, no Jardim das Oliveiras, é arrumada -eles a visitaram.
O conselho afirma que há indícios de haver conflitos familiares e com os vizinhos, o que pode ter levado a criança a ligar para a polícia.
"Parece que houve um desencontro. A mãe foi trabalhar e o pai deveria ter chegado mais cedo do trabalho, para ficar com os filhos. Aparentemente são de boa índole", diz o conselheiro Tiago Vidulic.
As crianças ficaram cerca de uma hora sozinhas e, por isso, os pais podem ser advertidos por negligência ou indiciados por abandono de incapaz. No primeiro caso, teriam que pagar uma multa; no segundo, podem cumprir de seis meses a três anos de detenção. O delegado Luís Cláudio Siqueira diz que aguarda laudo do IML para ter certeza de que as crianças não sofreram maus-tratos e que vai ouvir professores e vizinhos antes de decidir se deve indiciar os pais.
Especialistas criticam o fato de as crianças já terem sido levadas para um abrigo. "O juiz foi precipitado, não é qualquer caso que se manda a criança para o abrigo", diz Maria Stela Graciani, da PUC-SP.
Para Ariel de Castro Alves, da comissão de criança da OAB, "o juiz tomou a medida mais drástica de afastar as crianças do lar, o que sempre é bastante traumático".
Ele acha que o ideal teria sido afastar a mãe, suspeita de agressão, até esclarecer o que houve, ou deixá-las com parentes. O juiz não deu entrevista.


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