São Paulo, sexta-feira, 07 de outubro de 2005

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EDUCAÇÃO

Retirada de projeto que poderia demitir 92 mil professores ocorreu após protesto que reuniu 10 mil em São Paulo

Alckmin admite erro em plano para docente

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Enviar à Assembléia Legislativa o projeto que limita o tempo de contratação de professores e servidores temporários foi um erro, afirmaram o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o secretário estadual da Educação, Gabriel Chalita. A proposta levaria à demissão de 40% dos 230 mil professores -92 mil deles.
O projeto foi retirado anteontem à noite da Assembléia após manifestação que reuniu cerca de 10 mil professores, mas Alckmin disse que a razão do recuo não foi o protesto. "Já havíamos detectado um problema jurídico", disse.
"A grandeza está em admitir que houve um erro. Não houve erro de má-fé, mas não se imaginou que professor seria prejudicado", afirmou Chalita.
Agora, Alckmin defende a necessidade de aperfeiçoar a proposta. "O projeto tem um problema, que atinge principalmente a educação, e que teremos de resolver. Vamos reestudá-lo com os representantes do magistério."
De um lado, afirmou Alckmin, há o Ministério Público, que pressiona para que os servidores sejam efetivados, e, de outro, questões práticas.
O projeto original previa que todos os funcionários temporários do Estado fossem contratados por seis meses, com a possibilidade de renovação por igual período. Após um ano, seriam desligados.
Assim, as escolas estaduais precisariam, todo os anos, mudar seu quadro docente, já que hoje 40% dos professores são temporários.
O novo projeto deve demorar. "Não vamos ter pressa. Se não está bom, corrige", disse Alckmin em uma solenidade que reuniu prefeitos de 196 municípios, que receberão R$ 98 milhões para reforma e construção de escolas.
Chalita explicou que não é possível efetivar 100% dos professores porque há escolas pequenas, sem carga horária suficiente para um docente concursado, além da necessidade de manter substitutos para o caso de afastamentos e licenças de professores efetivos.
Mas o secretário garantiu que, no início de 2006, apenas 15% dos 230 mil professores serão temporários. "Em dezembro, parte dos 19 mil docentes já aprovados no concurso anterior será chamada."
O presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Carlos Ramiro, no entanto, defende que a rede mantenha somente efetivos.
"Basta criar a figura do professor-adjunto. Ele é contratado para acompanhar o projeto pedagógico de uma escola e fazer as substituições necessárias."
Na quinta-feira, a Apeoesp se reunirá com Chalita para discutir novas propostas. Ramiro e o secretário concordam em um ponto: se os temporários forem mantidos, não será possível que fiquem apenas um ano na função.


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