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VÔO 1907/INVESTIMENTO
País gasta menos em segurança aérea
Só 28% da verba para 2006 foi usada até agora; governo diz que recursos também servem para pagar despesas de anos anteriores
Sindicato Nacional das Empresas Aéreas pediu uma investigação para saber
se o dinheiro tem ajudado no superávit primário
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil gasta menos do que
poderia, pelo autorizado no Orçamento, com proteção ao vôo
e segurança do tráfego aéreo,
de acordo com dados da ONG
Contas Abertas. Do orçamento
de R$ 531,6 milhões autorizado
para 2006 para essas áreas, só
R$ 151,1 milhões foram gastos
até o início deste mês -28,4%.
O país contabiliza outros R$
115,1 milhões gastos no programa de janeiro ao início de outubro, um valor referente a despesas de anos anteriores (os
chamados restos a pagar). Mesmo considerando-se esse valor,
o montante investido representa 50% do autorizado.
O fundo aeronáutico, de onde vem a maior parte dos recursos para gastos neste programa,
tem uma disponibilidade de R$
1,87 bilhão, valor que vem crescendo. Em dezembro do ano
passado, o montante disponível
era de R$ 1,5 bilhão; em 2004,
de R$ 1,3 bilhão.
O Ministério da Defesa afirma que apesar de nos últimos
anos os orçamentos previstos
para proteção ao vôo não terem
sido totalmente executados, isso é compensado pela execução
de despesas de anos anteriores
(restos a pagar).
Ou seja, os gastos acontecem,
mas só são contabilizados no
ano seguinte.
"Sei que há um crescimento
de investimentos neste setor,
que isso é inequívoco. Mas vou
apurar essas informações, e
dentro de algum tempo me
pronunciarei sobre o assunto",
afirmou à Folha o ministro da
Defesa, Waldir Pires.
Ajuda no superávit
Nesta semana, o Snea (Sindicato Nacional das Empresas
Aéreas) pediu uma investigação para apurar se o governo
está usando os recursos para
segurança de vôo, que vêm de
taxas pagas pelas companhias
aéreas à Infraero, para ajudar
no superávit primário (economia de receitas para pagamento de juros da dívida pública).
O sindicato vem se posicionando em termos fortes em relação ao tema.
"Tenho certeza de que esse
contingenciamento pode ter
influenciado no acidente. O sistema de controle, de cobertura
de radar não está operando em
sua plenitude", diz Anchieta
Hélcias, do Snea.
Dados do Siaf, sistema do Tesouro de acompanhamento dos
gastos federais, mostram que,
em 2004, foram gastos R$ 5 milhões para manutenção do Sivam (Sistema de Vigilância da
Amazônia). O valor previsto
para 2007 é de R$ 2 milhões.
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