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Racha pode suspender greve de policiais
Associação de delegados quer retomar negociações com o governo; outras entidades preferem manter paralisação
Suspensão da greve, que hoje completa 22 dias, deve acontecer às 8h de amanhã, de acordo com presidente da associação dos delegados
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um racha no comando de
greve dos policiais civis pode
fazer parte dos policiais suspender a paralisação -que hoje
completa 22 dias- por pelo
menos 48 horas, a partir de
amanhã. Liderado pela Adpesp
(Associação dos Delegados do
Estado de São Paulo), o grupo
pretende retomar as negociações com o governo estadual.
No entanto, os sindicatos dos
delegados, dos escrivães e dos
investigadores pretendem continuar com a greve. Essas entidades classificam o episódio
não como um racha no movimento, mas como uma dissidência da Adpesp.
O comando de greve é composto por 14 sindicatos e associações de classe. A Adpesp,
com cerca de 4.000 associados,
é uma das entidades mais influentes. As demais só pretendem encerrar a greve quando o
governo apresentar uma proposta formal de aumento salarial e de melhoria das carreiras.
O presidente do sindicato
dos investigadores, João Rebouças, diz que a Adpesp é minoria dentro do movimento.
"Juntos, os sindicatos representam mais de 25 mil pessoas." Há cerca de 44 mil policiais civis no Estado.
Na semana passada, o governo apresentou informalmente
aos policiais civis um pacote de
propostas que incluía um aumento linear de 6,2%, aposentadoria especial após 30 anos
de serviço e redução de seis para quatro classes de carreiras
(que definem o patamar salarial), entre outros benefícios.
Oficialmente, porém, o Estado de São Paulo informa que
não irá dialogar enquanto houver a paralisação. A Secretaria
Estadual de Gestão Pública
afirma que, uma vez comunicada oficialmente a suspensão da
greve, retomará imediatamente o diálogo.
"A greve não pode ser eterna,
chegamos ao ponto de negociar", disse o presidente da Adpesp, Sérgio Marcos Roque.
Segundo ele, representantes
de todas as seccionais de polícia
(órgãos que controlam as delegacias) vinculados à Adpesp votaram ontem a favor da suspensão temporária da greve. Roque
afirmou ter iniciado ontem
mesmo os preparativos para
uma reunião com representantes da Gestão Pública.
Nessa reunião, ele pretende
apresentar ao governo uma nova contraproposta, em resposta
ao pacote oficioso apresentado
na semana passada.
Os principais pontos são um
aumento linear de 15%, aposentadoria especial e a eliminação da quinta e da quarta classe
de delegados (os menores salários pagos da categoria). Além
disso, toda vez que um policial
for promovido de classe, ganharia um aumento de 20%.
Com essas melhorias, um delegado em início de carreira
que hoje ganha R$ 3.708,18,
passaria a receber um salário
de aproximadamente R$ 6.300,
segundo a Adpesp.
A previsão de Roque é que a
suspensão da greve aconteça às
8h de amanhã, quando os policiais civis voltariam a atender
normalmente a todas as ocorrências. Hoje, apenas os casos
considerados mais graves, como assassinatos e seqüestros,
estão sendo registrados. Ele
acredita que a "trégua" com o
governo acontecerá independentemente dos sindicatos.
Já o presidente do sindicato
dos escrivães, Valter Honorato,
considerou a atitude da Adpesp
"uma traição" e anunciou, para
a próxima sexta-feira, um protesto na av. Paulista.
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