São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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Racha pode suspender greve de policiais

Associação de delegados quer retomar negociações com o governo; outras entidades preferem manter paralisação

Suspensão da greve, que hoje completa 22 dias, deve acontecer às 8h de amanhã, de acordo com presidente da associação dos delegados

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um racha no comando de greve dos policiais civis pode fazer parte dos policiais suspender a paralisação -que hoje completa 22 dias- por pelo menos 48 horas, a partir de amanhã. Liderado pela Adpesp (Associação dos Delegados do Estado de São Paulo), o grupo pretende retomar as negociações com o governo estadual.
No entanto, os sindicatos dos delegados, dos escrivães e dos investigadores pretendem continuar com a greve. Essas entidades classificam o episódio não como um racha no movimento, mas como uma dissidência da Adpesp.
O comando de greve é composto por 14 sindicatos e associações de classe. A Adpesp, com cerca de 4.000 associados, é uma das entidades mais influentes. As demais só pretendem encerrar a greve quando o governo apresentar uma proposta formal de aumento salarial e de melhoria das carreiras.
O presidente do sindicato dos investigadores, João Rebouças, diz que a Adpesp é minoria dentro do movimento. "Juntos, os sindicatos representam mais de 25 mil pessoas." Há cerca de 44 mil policiais civis no Estado.
Na semana passada, o governo apresentou informalmente aos policiais civis um pacote de propostas que incluía um aumento linear de 6,2%, aposentadoria especial após 30 anos de serviço e redução de seis para quatro classes de carreiras (que definem o patamar salarial), entre outros benefícios.
Oficialmente, porém, o Estado de São Paulo informa que não irá dialogar enquanto houver a paralisação. A Secretaria Estadual de Gestão Pública afirma que, uma vez comunicada oficialmente a suspensão da greve, retomará imediatamente o diálogo.
"A greve não pode ser eterna, chegamos ao ponto de negociar", disse o presidente da Adpesp, Sérgio Marcos Roque.
Segundo ele, representantes de todas as seccionais de polícia (órgãos que controlam as delegacias) vinculados à Adpesp votaram ontem a favor da suspensão temporária da greve. Roque afirmou ter iniciado ontem mesmo os preparativos para uma reunião com representantes da Gestão Pública.
Nessa reunião, ele pretende apresentar ao governo uma nova contraproposta, em resposta ao pacote oficioso apresentado na semana passada.
Os principais pontos são um aumento linear de 15%, aposentadoria especial e a eliminação da quinta e da quarta classe de delegados (os menores salários pagos da categoria). Além disso, toda vez que um policial for promovido de classe, ganharia um aumento de 20%.
Com essas melhorias, um delegado em início de carreira que hoje ganha R$ 3.708,18, passaria a receber um salário de aproximadamente R$ 6.300, segundo a Adpesp.
A previsão de Roque é que a suspensão da greve aconteça às 8h de amanhã, quando os policiais civis voltariam a atender normalmente a todas as ocorrências. Hoje, apenas os casos considerados mais graves, como assassinatos e seqüestros, estão sendo registrados. Ele acredita que a "trégua" com o governo acontecerá independentemente dos sindicatos.
Já o presidente do sindicato dos escrivães, Valter Honorato, considerou a atitude da Adpesp "uma traição" e anunciou, para a próxima sexta-feira, um protesto na av. Paulista.


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