São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

"Bico" é paliativo para salário baixo, afirmam especialistas

Eles defendem revisão em carga horária, condições de trabalho e salários

Extra pode afetar serviço, afirma coronel; para professor, "bico oficial" é "menos ruim" que o clandestino

DE SÃO PAULO

Especialistas em segurança pública encaram de formas diferentes o "bico oficial" da Polícia Militar, mas são unânimes em apontar uma necessidade de uma melhora dos salários.
Ligados à PM, o coronel da reserva José Vicente da Silva e o deputado Major Olímpio (PDT) fazem duras críticas à medida adotada pelo Estado.
O primeiro afirma que é um "realismo estúpido" tornar o "bico oficial" com o argumento de que isso é melhor do que o policial fazer trabalhos clandestinos.
"Eu prefiro não entrar nesse realismo estúpido e considerar que é necessário fazer uma revisão urgente da carga de horário, das condições de trabalho e dos salários."
Para ele, o serviço do policial é estressante e essa carga extra poderá prejudicar a qualidade do serviço oferecido à população. "No horário de folga, ele precisa descansar e conviver com a família."
Olímpio, por sua vez, diz que esse convênio consolida a "omissão" do Estado em remunerar bem os policiais. "Agora que irão congelar de vez o piso do policial."
O professor Ignacio Cano, membro do Laboratório de Análise da Violência da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), diz que o bico oficial é "menos ruim" do que o bico irregular.
"É melhor você regularizar uma situação do que fingir que ela não existe e tolerá-la. Essas coisas acabam evitando que a gente encare o problema de forma mais global, e discuta a segurança pública como um todo", disse.
"O ideal seria que o policial trabalhasse oito horas por dia para segurança pública, dedicando-se integralmente, e recebesse um bom salário para isso", afirmou.
Já Luís Flávio Sapori, professor da PUC-MG e coordenador do Instituto Minas Pela Paz, diz considerar "uma medida inteligência e prática" de atacar frontalmente um problema. "O bico é uma prática difícil de controlar."
Ele diz, porém, que o valor pago deveria ser melhor. "Precisar ser compensatório o suficiente para desestimular o bico, para que não queira fazer bicos adicionais. Desestimular completamente."
(ROGÉRIO PAGNAN)


Texto Anterior: Governo amplia "bico oficial" de PMs
Próximo Texto: Polícia Militar testa patinetes elétricos na avenida Paulista
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.