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EDUCAÇÃO
Universidade altera sistema de notas para teses, que passam a ser aprovadas ou reprovadas, sem qualificações
USP muda avaliação de pós-graduação
LUCIA MARTINS
da Reportagem Local
A Universidade de São Paulo
(USP) mudou a avaliação das teses
de mestrado e doutorado.
A partir deste mês, em vez de receber notas até 10 e os tradicionais
"com louvor" e "com distinção",
os trabalhos da pós-graduação são
apenas "aprovados" ou "reprovados".
A decisão foi aprovada no fim do
mês passado, após votação do
Conselho Universitário.
"Era uma idéia antiga, que várias pessoas defendiam, e que agora foi implantada", afirma o
pró-reitor de pós-graduação da
USP, Adolfo José Melfi.
Antes da mudança, quem tirava
menos de 7 tinha sua tese reprovada, e quem passava era classificado
entre mediano (7) e excelente (10).
À nota, em alguns casos, era acrescentado um comentário elogioso
ou restritivo. Agora, desaparecem
as nuances. No certificado de conclusão do mestrado ou do doutorado, é registrado apenas a aprovação ou reprovação do estudante.
Injustiças
A decisão é polêmica e provocou
um "racha" entre os professores
da USP.
O argumento de quem defendeu
a mudança é tentar evitar "possíveis injustiças".
Segundo o pró-reitor de pós-graduação, "dificilmente há dúvida
na aprovação ou reprovação de
uma tese".
"Mas, se a nota é 8 ou 9, depende
das bancas, que são muito heterogêneas. As mais rígidas tendiam a
baixar a nota. As mais flexíveis
tendem a aumentar. Por isso, alguns trabalhos bons recebiam notas piores do que outros que eram
medianos. Isso era uma injustiça",
afirma.
Melfi, no entanto, acredita que
propostas de incorporação de
"qualificações" nas teses vão surgir. "Há muita gente que é favorável à colocação de algum tipo de
qualificação na avaliação da tese.
Acho que ainda haverá discussão."
Divergência
Discussão é o que promete Ivette
Senise Ferreira, a professora-titular de direito penal da Faculdade
de Direito. Ivette votou contra a
mudança e acha que a decisão "foi
um retrocesso".
"O julgamento de mérito tem
que existir, com uma hierarquia de
valores, isto é, temos que dizer
quais teses são melhores que outras", afirma.
A professora acha que essa mudança será um "desestímulo para
aqueles alunos que querem fazer
um trabalho melhor".
"Todos saem da universidade
com o mesmo 'aprovado'. Isso significa que eles não terão por que se
esforçar."
Ivette afirma que esse tipo de
avaliação não existe em nenhum
país do mundo. Ela cita a Universidade de Paris, onde estudou. "Lá,
eles classificam como 'excelente',
'muito bom', 'bom' e 'regular'.
Acho que é o correto, e o que é feito na maioria das universidades."
A professora espera que haja
uma mudança no futuro. "Temos
que reverter essa decisão. Acho
que isso acontecerá no futuro."
O próprio Melfi acredita que o
processo de reformulação da
pós-graduação na universidade
"está intenso e vai continuar".
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