São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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Gestante tenta cobertura de plano para doença grave

Bebê ainda não nasceu e tem anomalia no coração

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Prestes a dar à luz seu segundo filho, Ian, a veterinária Marcia Nassaro Fernandes, 25, trava uma disputa com a Golden Cross para que a empresa cubra as despesas de uma cirurgia indispensável para a sobrevivência do menino após o parto, previsto para o dia 25.
Ele foi diagnosticado ainda no útero como portador da síndrome do coração esquerdo hipoplásico -má-formação grave caracterizada pela falta do ventrículo esquerdo, que bombeia o sangue para todo o corpo.
Depois de ter ouvido de um médico no Rio, onde mora, que não havia esperanças para o filho, Marcia iniciou uma pesquisa na internet que a levou ao cirurgião José Pedro da Silva, do hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
Ele é pioneiro no tratamento da síndrome no país e diz ter atingido taxa de sobrevivência de cerca de 65% após a terceira e última cirurgia a que são submetidas crianças com a doença.
O problema, porém, é que o médico não é credenciado pelo plano de saúde da gestante. Desde então, ela tenta obter o direito ao reembolso integral do procedimento, que, com a cesariana, sai por R$ 25 mil. "Entrei com o pedido meses atrás. Não tenho como arranjar R$ 25 mil", diz Marcia.
Segundo ela, a empresa informou que reembolsaria apenas parte dos custos, já que alega possuir em sua rede médicos habilitados a realizar a cirurgia. Marcia afirma, porém, que a empresa nunca indicou quem seriam os médicos nem informou o valor do reembolso.
"Até vi outros médicos que já fizeram, mas nenhum paciente sobreviveu", diz. "E mesmo assim, nenhum deles atendia pela Golden Cross."
José Pedro da Silva afirma não ser o único que realiza a cirurgia de correção da síndrome no país. Ele diz, porém, que o nível de sucesso dos outros profissionais é menor. "É uma cirurgia muito especial. Eu me dedico a isso há anos. São pouquíssimos os grupos no mundo que atingem taxas de sobrevivência tão altas", diz. "Se os resultados são reconhecidamente diferentes, é desumano [o plano não pagar]."
Em nota, a Golden Cross afirma que Marcia tem cobertura na Beneficência Portuguesa para todos os custos de internação, materiais e medicamentos necessários à cirurgia.
"A associada conta também com cobertura para a realização da mesma cirurgia com as equipes médicas referenciadas da Golden Cross habilitadas a realizar o procedimento", diz a nota. "Opcionalmente, a associada pode preferir arcar com as despesas de equipe não referenciada, particular, e solicitar o reembolso dentro dos termos e limites previstos no seu contrato com a Golden Cross". A empresa não informou o valor do reembolso neste caso.


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