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Gestante tenta cobertura de plano para doença grave
Bebê ainda não nasceu e tem anomalia no coração
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Prestes a dar à luz seu segundo filho, Ian, a veterinária Marcia Nassaro Fernandes, 25, trava uma disputa com a Golden
Cross para que a empresa cubra
as despesas de uma cirurgia indispensável para a sobrevivência do menino após o parto,
previsto para o dia 25.
Ele foi diagnosticado ainda
no útero como portador da síndrome do coração esquerdo hipoplásico -má-formação grave
caracterizada pela falta do ventrículo esquerdo, que bombeia
o sangue para todo o corpo.
Depois de ter ouvido de um
médico no Rio, onde mora, que
não havia esperanças para o filho, Marcia iniciou uma pesquisa na internet que a levou ao
cirurgião José Pedro da Silva,
do hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
Ele é pioneiro no tratamento
da síndrome no país e diz ter
atingido taxa de sobrevivência
de cerca de 65% após a terceira
e última cirurgia a que são submetidas crianças com a doença.
O problema, porém, é que o
médico não é credenciado pelo
plano de saúde da gestante.
Desde então, ela tenta obter o
direito ao reembolso integral
do procedimento, que, com a
cesariana, sai por R$ 25 mil.
"Entrei com o pedido meses
atrás. Não tenho como arranjar
R$ 25 mil", diz Marcia.
Segundo ela, a empresa informou que reembolsaria apenas parte dos custos, já que alega possuir em sua rede médicos
habilitados a realizar a cirurgia.
Marcia afirma, porém, que a
empresa nunca indicou quem
seriam os médicos nem informou o valor do reembolso.
"Até vi outros médicos que já
fizeram, mas nenhum paciente
sobreviveu", diz. "E mesmo assim, nenhum deles atendia pela
Golden Cross."
José Pedro da Silva afirma
não ser o único que realiza a cirurgia de correção da síndrome
no país. Ele diz, porém, que o
nível de sucesso dos outros
profissionais é menor. "É uma
cirurgia muito especial. Eu me
dedico a isso há anos. São pouquíssimos os grupos no mundo
que atingem taxas de sobrevivência tão altas", diz. "Se os resultados são reconhecidamente diferentes, é desumano [o
plano não pagar]."
Em nota, a Golden Cross afirma que Marcia tem cobertura
na Beneficência Portuguesa
para todos os custos de internação, materiais e medicamentos
necessários à cirurgia.
"A associada conta também
com cobertura para a realização da mesma cirurgia com as
equipes médicas referenciadas
da Golden Cross habilitadas a
realizar o procedimento", diz a
nota. "Opcionalmente, a associada pode preferir arcar com
as despesas de equipe não referenciada, particular, e solicitar
o reembolso dentro dos termos
e limites previstos no seu contrato com a Golden Cross". A
empresa não informou o valor
do reembolso neste caso.
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