São Paulo, segunda-feira, 07 de novembro de 2011 |
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Cinegrafista é morto em operação do Bope Tropas invadiam favela quando ele foi atingido por uma bala de fuzil; apesar de estar de colete, não resistiu ao disparo Gelson Domingos, da TV Bandeirantes, acompanhava PMs; quatro suspeitos foram mortos e nove, detidos
DENISE MENCHEN DO RIO FERNANDO MAGALHÃES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO O cinegrafista Gelson Domingos, 46, da TV Bandeirantes, foi morto com um tiro de fuzil na manhã de ontem enquanto registrava uma operação policial na favela de Antares, em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro. É a primeira vez que um integrante de uma equipe de reportagem morre durante confronto entre policiais e criminosos na cidade, segundo a associação fluminense de fotógrafos e cinegrafistas. Domingos estava próximo de PMs quando foi atingido no tórax. Segundo a TV Bandeirantes, ele usava colete à prova de balas -o vestuário de segurança foi perfurado. O cinegrafista foi levado a um pronto-socorro, mas já chegou morto ao local. A operação começou às 6h30 e foi encabeçada por cerca de cem homens do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), a tropa de elite da polícia do Rio. Apoiaram a operação PMs do Batalhão de Choque e do Batalhão de Ações com Cães. Objetivo, diz a polícia, era checar informações segundo as quais traficantes armados se escondiam na favela. Ao fim do dia, quatro suspeitos foram mortos e outros nove, presos. Entre os detidos está o "gerente" do tráfico local, Renato José Soares, o BBC, e seu braço direito, Leandro de Araújo, o China. A chegada da polícia pela manhã foi seguida de intenso tiroteio. O repórter da rádio CBN Marcos Antônio de Jesus, que acompanhou a operação, disse que Domingos e outros cinegrafistas e fotógrafos entraram num acesso da favela junto com PMs do Batalhão de Choque. Outros profissionais da imprensa esperaram numa avenida em frente à favela. "Os tiros vinham de todos os lados", disse Jesus. De acordo com ele, instantes antes de ser atingido, o cinegrafista da Band disse ter conseguido localizar com a câmera um criminoso que atirava. As imagens serão agora analisadas pela Polícia Civil. A Band lamentou o fato e disse que o tiro que matou Domingos "provavelmente" partiu de um traficante. O cinegrafista deixa mulher e três filhos do primeiro casamento -duas meninas, de 22 e 20 anos, e um menino de 16. A filha do meio é mãe das duas netas de Domingos. Ele "sempre foi reconhecido pela experiência e cautela no trabalho", disse a Band. Domingos trabalhava ainda para a TV Brasil. Antes, passou pelo SBT e pela Record. Um de seus cinco irmãos disse que ele gostava de atuar em coberturas policiais. "Era o que mais ele gostava de fazer [operações policiais]. Todo mundo tem temor de certas situações, mas era a vida dele", afirmou o segurança Ricardo Domingos, 34. O corpo do cinegrafista será enterrado hoje no cemitério do Caju, no centro do Rio. FOLHA.com Veja momento em que cinegrafista é atingido folha.com/113102 Próximo Texto: Futuro da profissão preocupa, diz entidade Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |